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Concentração nas teles: PT pretende adquirir 22,4% da Oi

Pouco depois de ter chegado a um acordo com a espanhola Telefônica para a venda de sua participação na Brasilcel, controladora da operadora de celular Vivo, a Portugal Telecom (PT) anunciou um entendimento com outra operadora brasileira, a Oi, para adquirir 22,4% de suas ações.

Se a operação se concretizar, a Oi assumirá 10% do capital da empresa portuguesa enquanto a Portugal Telecom irá adquirir a participação minoritária de 22,4% na brasileira por no máximo R$ 8,4 bilhões.

De acordo com um comunicado divulgado pela empresa “a Oi permanecerá privada e nacional, sob o controle dos grupos Andrade Gutierrez e Jereissati”.

Projeção global

“A aliança terá por fim o desenvolvimento de um projeto de telecomunicações de projeção global que permita a cooperação em diversas áreas buscando, dentre outros, (…) ampliar a presença internacional das partes, notadamente na América Latina e África”, diz o comunicado de Fato Relevante divulgado pela Oi.

Entre outros negócios que estão na mira da nova parceria está o Plano Nacional de Banda Larga. As empresas esperam que o negócio esteja concretizado até o final do ano.

Telefônica

Entre as condições para que a parceria se realize está a venda da participação da Portugal Telecom na Brasilcel, o que também foi anunciado nesta quarta-feira, com o acordo entre a empresa portuguesa e a Telefônica.

Segundo a empresa espanhola, depois de meses de negociações, foi fechado o acordo pelo qual ela pagará 7,5 bilhões de euros (cerca de R$ 17,2 bilhões) para adquirir a participação de 50% da Portugal Telecom na Brasilcel, holding que tem 60% das ações da Vivo.

A Telefônica e a Portugal Telecom eram sócias igualitárias na Brasilcel. De acordo com um comunicado divulgado pela Telefônica, a transação deve ser finalizada em 60 dias, “período estimado necessário para obter a aprovação dos órgãos reguladores brasileiros”.

“A Telefônica alcançou hoje seu objetivo estratégico de reforçar seu potencial de crescimento no Brasil”, diz o comunicado.

Benção do governo

As negociações que resultaram na venda da Vivo e no investimento cruzado entre Portugal Telecom e Oi tiveram a bênção do governo português, segundo o presidente do conselho de administração da PT, Henrique Granadeiro.

"Obviamente que sim", afirmou ele, ao ser indagado por jornalistas se houve contatos entre a direção da companhia e o governo do país. "O governo é um acionista importante e tem direitos especiais na empresa, como ocorre em várias partes da Europa".

Apesar disso, Granadeiro frisou que a decisão de vender a Vivo e investir na Oi foi "empresarial" e vai ao encontro de "interesses específicos" das companhias envolvidas. "Não há motivos para escandalizar-se com a diplomacia econômica praticada pelo governo", ressaltou.

Recuo

O primeiro-ministro português, José Sócrates, tornou-se peça-chave nas negociações entre a Portugal Telecom e a Telefónica ao lançar mão da "ação de ouro" do governo para vetar a venda da Vivo aos espanhóis, apesar de sua aprovação na assembleia de acionistas realizada no dia 30 de junho.

A administração da Portugal Telecom alegou, na ocasião, que não sabia que o governo usaria esse recurso – posteriormente declarado ilegal pela União Europeia. Entretanto, os executivos da operadora portuguesa afirmaram que o episódio acabou favorecendo a companhia. O recuo do governo foi comemorado pela multinacional espanhola.

Com agências