PIB cai em junho, desmentindo os alarmistas do superaquecimento
O Produto Interno Bruto foi negativo em julho. Caiu ligeriamente, 0,1%, segundo cálculos que o Ministério da Fazenda faz para medir a temperatura da atividade econômica do país.
Publicado 30/07/2010 15:40
De acordo com o indicador, ainda preliminar, a queda do PIB este mês foi precedida de um magro crescimento em junho, ao redor de 0,7%. A expansão do produto no segundo trimestre do ano, portanto, também deve ficar mais próxima de 0,5% do que de 1%, percentual distante dos 2,7% do primeiro trimestre. No ano, o crescimento econômico não deve passar de 7%. Está mais para a estimativa feita pelo Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), de 6,5%.
Forte desaceleração
Essas são as previsões do secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa. "A dúvida, agora, é o terceiro trimestre", disse. Ele avalia que a atividade de julho a setembro continuará fraca, bastante parecida com o segundo trimestre, fruto da forte desaceleração que ocorreu na economia depois da retirada, em março, dos incentivos fiscais e monetários concedidos no auge da crise de 2008. E estima que no último trimestre do ano o crescimento estará no intervalo de 1% a 1,5%, "uma recuperação estatística, por causa da base de comparação".
O índice do nível de atividade a que se refere o secretário vem sendo apurado pelo Ministério da Fazenda desde 2007, para consumo interno, com base na média móvel trimestral da produção. É praticamente igual ao que o Banco Central começou a divulgar recentemente, o IBC-BR. Os cálculos para julho, assinalou Barbosa, são preliminares e foram feitos com base nos dados já disponíveis (consumo de energia elétrica, venda de automóveis, vendas do comércio, entre outros), e a queda do PIB se refere à média de maio-junho-julho confrontada com a média de fevereiro-março-abril.
Interesses conservadores
O comportamento da economia é radicalmente distinto das previsões alarmistas de alguns economistas ligados ao sistema financeiro que chegaram a fazer terrorismo com o suposto superaquecimento da economia nacional, assegurando que esta estaria operando perigosamente acima da capacidade de crescimento (ou do PIB potencial) sem inflação. A gritaria serviu de pretexto para a política conservadora do Banco Central, que neste ano já promoveu três rodadas de alta dos juros básicos (Selic).
Juros mais altos (a Selic subiu de 8,75% para 10,75%), como se sabe, significa menos consumo, menos investimentos e, por consequência, redução do ritmo de produção. Também traduz (e este é um aspecto pouco comentado e convenientemente ignorado pela mídia hegemônica) maior transferência de renda do conjunto da sociedade para a oligarquia financeira, que embolsa alguns bilhões a mais em juros da dívida pública.
Num ambiente internacional ainda adverso, o Brasil faria melhor se aplicasse uma outra política econômica, renunciasse à liderança no ranking mundial dos juros altos e apostasse de forma mais ousada no crescimento da economia. Afinal, o PIB da China continua crescendo em torno de 10% ao ano e esta é a principal razão pela qual o próspero país asiático se transformou na segunda maior potência econômica do planeta. Interesses conservadores estão condenando o Brasil a ficar eternamente para trás na corrida desigual do desenvolvimento.
Da redação, com informações do Valor