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Imposição do FMI eleva temperatura da luta de classes na Europa

Durante uma semana os caminhoneiros gregos paralisaram o transporte de mercadorias em todo o país num protesto contra a liberalização do setor. A luta ficou marcada por confrontos com a polícia e pela requisição civil por parte do governo.

A greve foi suspensa no domingo, 1, após uma semana em que o governo usou todo o tipo de pressões, incluindo a violência policial e a requisição civil [que prevê medidas repressivas de caráter excepcional] para derrotar os trabalhadores.

Após o fracasso das negociações, dia 28, o governo social-democrata de Papandreu ordenou o fim da greve, pretextando “uma grave perturbação na vida econômica e social” e dificuldades para a saúde pública resultantes da “penúria de produtos alimentares e medicamentos”, bem como “ameaça à ordem pública”.

Porém, a grande maioria dos 30 mil profissionais recusou-se a obedecer. Então, o governo mobilizou viaturas do exército e de companhias petrolíferas que, sob escolta policial, começaram a abastecer postos de combustíveis.

Desafiando frontalmente a ordem governamental, centenas de grevistas manifestaram-se, dia 29, frente ao Ministério dos Transportes, em Atenas, exigindo ser recebidos pelo titular da pasta. A resposta foi dada pela polícia de intervenção concentrada no local, que usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.

No sábado, 31, quando só 10% dos postos de gasolina da capital tinham combustível, o executivo viu-se forçado a recuar, prometendo suspender a requisição civil e a abrir negociações. Face à proposta, a Confederação dos Transportadores Rodoviários decidiu, “por uma estreita maioria”, suspender a greve, segundo declarou o seu líder, Georges Tzortzatos.

A reforma do setor, que visa a abertura total à concorrência no prazo de três anos, é motivo de apreensão para muitos transportadores, que temem legitimamente perder as suas posições com a entrada das multinacionais europeias.

A indignação aumenta quando se sabe que esta medida, prevista no plano de recuperação das finanças da Grécia, foi uma das contrapartidas ditadas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional para a concessão do empréstimo de 110 bilhões de euros, supostamente para salvar o país.

Outras profissões, como os taxistas, farmacêuticos, notários ou advogados, estão igualmente na lista das liberalizações.

Comunistas condenam requisição

O Partido Comunista da Grécia (KKK) condenou, no parlamento, a requisição civil contra os caminhoneiros, lembrando que se trata de uma medida prevista para caso de guerra ou de catástrofe natural, e não para pôr em causa o direito de greve.

Os comunistas gregos salientaram ainda que a liberalização do transporte irá acelerar a concentração do setor nas mãos dos grandes grupos monopolistas e levará à falência os caminhoneiros autônomos.

Também a Frente Militante de Trabalhadores (Pame) condenou em comunicado a medida repressiva, sublinhando que ela não foi tomada, como alegou o governo, para “proteger os interesses da maioria do povo contra uma ´corporação´”, mas inversamente para “servir os interesses da casta de parasitas (capitalistas e grupos multinacionais) que pretendem dominar o setor dos transportes para obter superlucros”.

Em resposta a esta política reacionária, a Pame apelou à constituição de uma “frente de forças populares, incluindo a classe operária, os auto-empregados, os pequenos e médios fabricantes, comerciantes e agricultores, contra o inimigo comum”.
Medidas contra o trabalho

O Partido Comunista também divulgou uma nota “acerca das últimas decisões anti-populares do governo grego” que o Vermelho, em que informa o seguinte:

“O parlamento aprovou – com os votos dos deputados sociais-democratas do Pasok – a emenda do Ministério do Emprego que proíbe quaisquer aumentos salariais que excedam aqueles incluídos no acordo coletivo de trabalho assinado pela Federação Helênica de Empresas e a maioria da Confederação de Sindicatos do setor privado (GSEE). Este acordo impõe um congelamento salarial de três anos enquanto no período anterior o governo efetuou um aumento drástico da tributação direta sobre bens de consumo público e a inflação aumenta à taxa de 6%. Por outras palavras, ele promove a redução do poder de compra dos trabalhadores.

“O KKE condenou esta emenda anti-trabalho, que não só reduz os salários como também promove a abolição de acordos coletivos de trabalho ao nível de ramos ou companhias.”

Fonte: Avante