Sem categoria

Programa de Serra na TV tem erros demais, dizem especialistas

No primeiro dia de programa eleitoral na TV, o candidato tucano à Presidência, José Serra, cometeu mais erros que acertos e pode ter posto em xeque sua credibilidade junto aos eleitores. É o que acreditam segundo cientistas políticos que analisaram a propaganda televisiva a pedido do jornal O Globo.

A exemplo da maioria dos presidenciáveis, Serra se preocupou em apresentar sua biografia, mas exagerou ao tentar parecer popular — atributo que está distante de ser. “Serra teve fala convincente, mas buscou fórmula mais antiga de programa, com samba”, alerta a cientista política e historiadora Isabel Lustosa.

Segundo ela, a presidenciável Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, levou ao ar um programa mais eficiente. “O da Dilma foi bonito e fez bem ao explorar o passado de luta contra a ditadura, com as amigas da prisão — não sonegou a informação de que é de esquerda. O Serra, nesse ponto, ficou sem discurso.”

Isabel afirma que Serra errou sobretudo ao se associar, de forma mal-ajambrada, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a referência no jingle da campanha. “Foi um erro o Lula no jingle. Pode perder o eleitor cativo dele. Ao mesmo tempo, não cola a imagem de que é candidato do Lula.”

A inclusão do nome de Lula no jingle tucano também foi criticada pelo cientista político Roberto Romano, da Unicamp. Ele também não entendeu as razões pelas quais o candidato foi apresentado como “Zé”, e não como Serra. “Chamá-lo de Zé é forçar a barra. Do mesmo modo que mostrar a trajetória dele como um pobre que subiu na vida.”

“Não cola ser o Zé”, acrescenta Paulo Bahia, cientista político da UFRJ. “Ele nunca foi conhecido como Zé. Ele é o Serra, não fez campanha para o governo de São Paulo como o Zé. Quis colar o nome Lula da Silva ao dele, mas isso depõe contra.”

O fato de Serra ter falado para a câmera deixou o programa com menos emoção do que o de Dilma, explica o professor de sociologia e política da PUC-Rio Ricardo Ismael. “Serra quis popularizar com música nordestina e fala olhando para o eleitor. Dilma pegou a linha do afeto, conversa de modo intimista, confessional.”

Da Redação, com informações de O Globo