Arquitetos da Copa debatem exigências da Fifa e obras

A primeira parte do Fórum foi dedicada a apresentações sobre o estágio atual dos projetos. Na maior parte das cidades-sede, após diversos adiamentos, as obras encontram-se licitadas e em início de atividades.

É o caso, por exemplo, de Brasília, onde estão sendo tomadas as primeiras providências, como colocação de tapumes ao redor do atual estádio Mané Garrincha e realizadas medições topográficas no terreno. Segundo o arquiteto Eduardo de Castro Mello, coautor do projeto, a pretensão oficial da cidade é sediar a Copa das Confederações e, para isso, o estádio deve estar pronto em dezembro de 2012.

Em Fortaleza, o processo licitatório deve ocorrer até o final de agosto. Já em Salvador, a demolição da Fonte Nova está agendada para 28 de setembro e o início das obras em 5 de setembro.

Caderno de encargos

O caderno de encargos da Fifa, documento que contém os requisitos a serem atendidos pelos estádios que serão usados no Mundial, esteve entre os temas debatidos no Fórum. Segundo Leon Myssior, coordenador do Time de Arquitetos da Copa e vice-presidente de Arquitetura do Sinaenco, um dos desafios dos profissionais tem sido adequar os projetos às exigências da Fifa sem que isso signifique elevação de custos.

"Apesar de bem elaborado, o documento desconsidera especificidades locais e pode até comprometer a viabilidade de alguns estádios", disse. Myssior considera que o caderno é adequado para novas arenas, mas traz exigências que não podem ser cumpridas nos projetos dos estádios que serão adaptados.

O projeto do Maracanã sofreu diversas alterações para se adaptar ao caderno de encargos. A intenção inicial, afirmou o engenheiro José Carlos Pinto dos Santos, da Emop (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro), era de que o valor da reforma não passasse de R$ 300 milhões. Porém, o atendimento às exigências, principalmente as relacionadas à curva de visibilidade das arquibancadas e às dimensões das placas de publicidade, acabou elevando o orçamento para R$ 720 milhões.

As obras no Maracanã vão começar pela demolição de todo o anel inferior do estádio. Março de 2013 é a data prevista no cronograma para a finalização dos trabalhos.

Sustentabilidade

A discussão sobre como promover a sustentabilidade das arenas também esteve na pauta do encontro. Novamente, os arquitetos reafirmaram o compromisso em promover uma Copa Verde em 2014. Será formada uma comissão responsável por elencar pontos críticos, levantar informações sobre soluções, tecnologias e materiais amigáveis ao meio ambiente e propor critérios que possam melhorar os atuais sistemas construtivos.

"Ao incluirmos a questão da sustentabilidade em nossos projetos estaremos contribuindo não apenas para uma Copa Verde, mas também para incentivar mudanças nos métodos construtivos atualmente empregados no Brasil", afirmou Carlos Arcos, autor do projeto de modernização da Arena da Baixada.

Infraestrutura do entorno

Na parte final da reunião, os arquitetos realizaram um breve relato sobre os projetos de infraestrutura no entorno dos estádios que devem ser implementados. O consenso é que o sucesso da Copa do Mundo de 2014 depende e muito de melhorias no transporte público, trânsito e acessibilidade das cidades-sede.

Organizado pelo Portal 2014 e pelo Sinaenco (Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia), o Fórum Time de Arquitetos da Copa tem por objetivo promover a discussão e a troca de experiências entre os arquitetos. Desde 2007, o grupo já se reuniu em São Paulo, Salvador e Recife, e realizou visitas a arenas esportivas no Brasil, Europa e África do Sul.

Participaram do encontro Eduardo de Castro Mello, Laura Penna (Mineirão, Belo Horizonte), Rodrigo Liboni (Fonte Nova, Salvador), Maurício Garcia (Beira-Rio, Porto Alegre), Carlos Arcos, Vinicius Oliveira (Arena Verdão, Cuiabá, Vivaldão, Manaus e Estádio das Dunas, Natal), Ronald Werner (Castelão, Ceará) e Catia Castro (Maracanã, Rio de Janeiro).

Fonte: Portal Copa 2014