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Lula promete concentrar esforços em SP para eleger Mercadante

O maior temor dos tucanos está prestes a se concretizar. A pesquisa Datafolha que mostra Dilma Rousseff (PT) com 47% das intenções de voto contra 30% de José Serra (PSDB) permitirá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dedicar à campanha eleitoral em São Paulo.

Já na sexta à noite, em discurso em Osasco, Lula anunciou que sua prioridade na eleição é o estado, governado há 16 anos pelo PSDB. Para conquistar um triunfo no maior colégio eleitoral do país, ele cobrou da coordenação da campanha de Aloizio Mercadante a criação de uma lista de temas políticos para atacar a gestão tucana.

Os assuntos não deverão ser muito diferentes do que Mercadante tem criticado dos governos tucanos, como educação e segurança. No discurso, o presidente citou o primeiro deles: os pedágios. Disse que os valores cobrados nas estradas paulistas são "um roubo".

Ainda na noite de sexta, Lula conversou com Mercadante, com o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, coordenador da campanha ao governo, e com o presidente do PT-SP, Edinho Silva. Segundo Lula, suas participações na campanha no estado, por meio da TV e de comícios, não são suficientes para virar a disputa — é preciso haver "fatos políticos" para atacar os tucanos.

Tucanos em alerta

Com a vitória de Dilma no primeiro turno aparentemente encaminhada, tucanos temem que Lula se dedique a transferir seu prestígio para Mercadante, ameaçando a vitória até agora aparentemente fácil de Alckmin. Além de São Paulo, Lula pretende concentrar sua participação na reta final da campanha em Minas Gerais, onde o pleito, apesar da vantagem do candidato apoiado pelo PT, Hélio Costa (PMDB), é considerado bastante acirrado.

Em São Paulo, segundo o último levantamento do Datafolha, Alckmin aparece com 54% das intenções contra 16% de Mercadante. Uma maior participação de Lula na campanha do petista Aloizio Mercadante ao governo era a maior preocupação de tucanos no fim de semana. As campanhas não sabem avaliar o impacto que a nova estratégia petista pode ter na eleição em São Paulo.

Nesta segunda-feira, em evento marcado num pátio de fábrica lotado, ainda na madrugada, com mais de 5 mil pessoas, Lula fez panfletagem em São Bernardo do Campo — cidade onde ocorreram as greves mais importantes durante a ditadura. O presidente estava acompanahdo de Dilma, Mercadante e da candidata petista ao Senado, Marta Suplicy.

A ideia original era que Lula e Dilma apenas passassem pelos trabalhadores distribuindo panfletos, na tradição petista. Mas, para surpresa do presidente, havia um grande caminhão de som à espera. “Era para ser algo mais normal”, admitiu Lula, que conclamou os companheiros de partido a iniciar o corpo-a-corpo, antes da entrada dos funcionários na linha de montagem.

“Vamos descer logo. Não é sempre que um trabalhador recebe uma presidente da República, um governador, uma senadora”, disse o presidente, que, pouco antes das 6 da manhã, desceu do carro de som com pressa. No solo, abraçou ex-companheiros de sindicato e apresentou Dilma a eles.

Rio

Lula também deve ir mais vezes ao Rio de Janeiro, onde a força de sua parceria política com o governador Sérgio Cabral (PMDB) ainda não foi suficiente para impulsionar as candidaturas de Lindberg Farias (PT) e Jorge Picciani (PMDB) ao Senado. Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 16 de agosto, Marcelo Crivella (PR) tem 40% das intenções de voto, César Maia (DEM), 33%, Lindberg, 22%, e Picciani, 14%.

No Palácio do Planalto, a ambição é derrotar César Maia. "Por tudo o que o Lula tem feito pelo estado, a população do Rio vai eleger dois senadores de nossa base de apoio", deseja um ministro próximo ao presidente.

Candidato à reeleição, Crivella disputa o quinto pleito majoritária nos últimos oito anos. Além do Senado em 2002, concorreu ao governo estadual em 2006 e à prefeitura em 2004 e 2008. Tem recall e uma base muito forte na comunidade evangélica, graças à sua ligação com a Igreja Universal do Reino de Deus.

Além disso, o senador conta com o apoio pessoal de Lula. Há cerca de um ano, o presidente avisou a Cabral que pediria votos para o ex-bispo da Universal. "Ele tem apanhado muito defendendo meu governo e é um aliado fiel", disse Lula ao governador fluminense.

Apesar de ainda estar na liderança, Crivella apresentou uma pequena queda no último levantamento. No Datafolha anterior, aparecia com 42% das intenções de voto, hoje tem 40%. Em julho de 2008, também aparecia à frente das pesquisas para a Prefeitura do Rio, com 26% — 17 pontos percentuais de vantagem sobre o atual prefeito, Eduardo Paes (PMDB). Não foi sequer ao segundo turno. Adversários de Crivella afirmam que o maior empecilho do senador é sua alta rejeição: aproximadamente 42%.

Da Redação, com agências