Viúva de vítima da Chacina da Lapa é recebida pelo PCdoB-GO 

Maria Ester Cristelli Drummond, viúva do militante João Batista Drummond, será recebida amanhã (terça-feira, 24) às 10h30, pelo Partido Comunista do Brasil goiano (PCdoB-GO).

Maria Ester Cristelli Drummond, viúva do militante João Batista Drummond, será recebida amanhã (terça-feira, 24) às 10h30, pelo Partido Comunista do Brasil goiano (PCdoB-GO). Drummond foi assassinado no episódio que ficou conhecido como “Chacina da Lapa”, no dia 16 de dezembro de 1976, na cidade de São Paulo. João Batista e Maria Ester residiam na Vila Nova, em Goiânia, antes do início da resistência à ditadura militar. Após a morte do marido, a viúva passou a morar em Paris com as duas filhas. Essa é a primeira vez que ela retorna à capital goiana desde então.

 

Maria Ester foi convidada pelo advogado goiano Egmar José de Oliveira (vice-presidente da Comissão Nacional de Anistia, do Ministério da Justiça), na ocasião do 12º Congresso Nacional do PCdoB, em novembro de 2009 na cidade de São Paulo. Ela será recebida no Aeroporto Santa Genoveva por ele, além de Luiz Carlos Orro (Secretário de Esporte e Lazer de Goiânia e Tesoureiro do PCdoB-GO), Lucia Rincon (Presidente licenciada da Associação dos Professores da PUC-GO e candidata a deputada estadual pela PCdoB-GO), Ana Carolina Barbosa (presidente do Centro Popular da Mulher) e Erveline Batista (presidente da União da Juventude Socialista).

 

Para Lucia Rincon, a vinda de Maria Ester tem um grande significado para a luta pela Anistia em Goiás. “Especialmente para mim, a vinda dela tem uma importância muito grande. Traz recordações profundas. Drummond foi assassinado no dia em que tinha um encontro marcado com um dirigente do PCdoB goiano que tentava reorganizar o partido no Estado”, diz. Ela afirmou ainda que o encontro com uma mulher que esteve no “fogo da luta” pela democracia representa um momento de retomada de perspectivas. “Não podemos naturalizar aquilo que não é natural! A ditadura militar cometeu crimes que devem ser de conhecimento da sociedade”, disse.

A Chacina

No dia 16 de dezembro de 1976, João Batista Franco Drummond, Ângelo Arroyo e Pedro Pomar, à época membros do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, morreram durante ação dos militares no bairro paulista da Lapa. João Batista Franco Drummond tinha 34 anos. Ângelo Arroyo, militante operário da greve dos 300 mil de 1953 e comandante da guerrilha do Araguaia, 48. Pedro Pomar, que já havia enfrentado a repressão do Estado Novo, 63.

Segundo reportagem publicada no site do Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos, “após uma reunião do Comitê Central do PCdoB, a repressão prendeu e torturou por diversos dias várias lideranças do partido, entre elas, Aldo Arantes, Haroldo Lima, Elza Monnerat, Joaquim Celso de Lima e Wladimir Pomar. João Batista Drummond não resistiu aos espancamentos que sofreu nas dependências do DOI-Codi e morreu. Na manhã do dia seguinte, o exército invadiu a casa na Rua Pio XI, 767, onde havia acontecido a reunião, e assassinou Ângelo Arroyo e Pedro Pomar. A versão oficial dos fatos disse que ambos haviam resistido à prisão e morrido num tiroteio, mas não havia armas na casa.”

A repressão militar havia deflagrado uma verdadeira guerra aos movimentos de oposição e, naquele ano, o PCdoB era a única organização clandestina que se mantinha organizada. Contrariando o discurso da abertura “lenta e gradual”, pregado pelo comandante do II Exército, general Dilermando Monteiro, a Chacina da Lapa mostrou que a violência da ditadura continuava viva.

O traidor que permitiu o assalto à casa da Lapa era um dos membros do Comitê Central do PCdoB: Jover Telles. Preso pouco tempo antes, ele concordou em colaborar com os órgãos de repressão em troca de bom tratamento e emprego. Quase 34 anos depois, os responsáveis ainda não foram punidos, e as famílias ainda cobram justiça.

Texto: Paulo Victor Gomes
Foto: Reprodução internet