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Secretário do PCdoB ressalta importância de manter esquerda unida

Presente ao 16º Encontro do Foro de São Paulo – realizado entre os dias 17 e 20 em Buenos Aires – o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu, fez uma intervenção especial no dia 20, durante a última plenária. Nela, ele resgata o papel do evento nessas duas décadas de existência, fala sobre a importância dos movimentos populares e de esquerda que têm mudado a história da América Latina e ressalta a importância das eleições de outubro e da união da esquerda no Brasil.

Alemão - foro São Paulo

Segundo ele “em nosso continente continuamos a avançar, aprofundando as mudanças reclamadas pelo povo em diversos países onde estamos em governos nacionais, apesar da contra-ofensiva do imperialismo, da direita e dos monopólios midiáticos”.

A respeito dos processos de união entre os países, Alemão colocou: “O consenso avançado a favor da integração é sustentado pelas necessidades nacionais e pelo internacionalismo. Para todos os países de nossa região, inclusive o Brasil, a integração é fundamental para nos livrarmos do imperialismo e realizarmos os nossos projetos nacionais”.

Tratando da ampla coalizão de apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, o comunista salientou que o primeiro desafio, uma vez a candidata sendo eleita, “é manter a esquerda unida no papel de núcleo de governo” – em especial o PT, o PCdoB, o PSB e o PDT – “para influenciar nos rumos do novo governo e garantir as mudanças e as reformas estruturais, inclusive com muita mobilização popular”.

Acompanhe a seguir a íntegra da mensagem.

Intervenção no 16º Encontro do Foro de São Paulo
Por Ricardo Abreu Alemão, secretário de Relações Internacionais do PCdoB

1. O Foro de São Paulo, nesses 20 anos, não somente fez a luta anti-imperialista e a oposição ao neoliberalismo, mas também se preparou para essa nova fase da luta dos povos latino-americanos e caribenhos, construindo uma plataforma para orientar as conquistas que estamos obtendo com os novos governos nacionais, democráticos, populares e de esquerda em nosso continente.

2. O capitalismo vive uma crise estrutural que não terá solução virtuosa e favorável às nações e aos trabalhadores nos marcos do próprio sistema capitalista. Por isso, a nossa estratégia socialista está presente, na qualidade de rumo orientador, nos projetos nacionais e populares em curso na América Latina e no Caribe. O nosso projeto de integração continental solidária só será plenamente alcançado se estiver inserido como parte fundamental da luta pelo socialismo, em cada país e em nível continental.

3. Em resposta à trajetória declinante de sua hegemonia no plano econômico, e consequentemente no plano político, o imperialismo estadunidense reforça seu poderio bélico e prepara novas guerras. Os EUA e a Otan ampliam a sua presença e a sua atuação militar global no Oriente Médio, na Ásia e na América Latina. Além do Irã e de outros países em outros continentes, os EUA ameaçam Cuba e Venezuela em nossa região. A luta pela paz, contra as bases militares na América Latina e no Caribe é tarefa urgente de todos nós.

4. Em nosso continente continuamos a avançar, aprofundando as mudanças reclamadas pelo povo em diversos países onde estamos em governos nacionais, apesar da contra-ofensiva do imperialismo, da direita e dos monopólios midiáticos, simbolizada pelo golpe em Honduras. Com diferentes ritmos e com peculiaridades nacionais, há processos revolucionários em curso, a exemplo da Venezuela. E a primeira das revoluções de caráter socialista em nossa região, a Revolução Cubana, com a qual todos nós somos solidários, mantém-se vitoriosa e atualiza-se.

5. A integração solidária da América Latina e do Caribe dá passos maiores com a recente criação da Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac), e com a Unasul desempenhando um papel político mais importante também. Há uma convergência crescente entre os vários processos, como a Alba, o Mercosul, a Unasul e a Celac. O consenso avançado a favor da integração é sustentado pelas necessidades nacionais e pelo internacionalismo. Para todos os países de nossa região, inclusive o Brasil, a integração é fundamental para nos livrarmos do imperialismo e realizarmos os nossos projetos nacionais com soberania, política externa autônoma, democracia, desenvolvimento econômico e desenvolvimento social. Com o avanço maior desse processo de luta anti-imperialista e de integração solidária, em termos históricos nos aproximamos cada vez mais da conquista do socialismo em nossos países e em toda a nossa América Latina.

6. No Brasil, vivemos uma polarização política entre dois campos antagônicos. Trata-se, essencialmente, de um embate direto entre as forças patrióticas, democráticas, populares e as forças neoliberais. A ampla coalizão que sustenta a candidatura de Dilma Rousseff, com dez partidos, muitos de centro, é a maior aliança já constituída para apoiar uma candidatura liderada pela esquerda.

7. Um primeiro desafio é manter a esquerda unida no papel de núcleo de governo, em especial o PT, o PCdoB, o PSB e o PDT, para influenciar nos rumos do novo governo e garantir as mudanças e as reformas estruturais, inclusive com muita mobilização popular. Dilma também conta com o apoio de vasta militância sindical, estudantil e dos demais movimentos sociais.

8. Algumas candidaturas tidas como “alternativas”, como a do PV, a do PSol, e as candidaturas da ultra-esquerda, não ameaçam a polarização entre Dilma e o candidato da direita José Serra. O único papel relevante que elas podem cumprir é tentar levar a eleição para o segundo turno, mas pelas últimas pesquisas eleitorais isso será difícil. A altíssima popularidade de Lula e o crescimento de Dilma nas pesquisas apontam para a tendência de vitória no primeiro turno.

9. Outro grande desafio para aprofundar as mudanças no Brasil é fazer crescer a esquerda no Congresso Nacional, que envolve a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, casas legislativas nas quais nunca tivemos maioria de esquerda e progressista. E, entre a esquerda, a meta do PCdoB para dar uma contribuição maior é aumentar significativamente a bancada de deputados e senadores comunistas.

10. Em síntese, mesmo com a contraofensiva imperialista e da direita no continente, a tendência que ainda predomina é a inaugurada em 1998 com a primeira eleição de Hugo Chávez. Nesta fase nos cabe a todos do Foro de São Paulo a tarefa de lutar contra as ameaças e pressões imperialistas, derrotar a direita nos próximos embates, e seguir avançando rumo a uma América Latina unida, livre e socialista!

Da redação