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Copom admite que inflação tende a ir para o centro da meta

Os riscos para um cenário benigno de inflação diminuíram e a manutenção da taxa básica de juros no patamar atual é o adequado para que o índice oficial permaneça dentro da trajetória de metas. No entanto, se não houver uma “convergência tempestiva” da inflação à trajetória desenhada pelo governo, o Banco Central está pronto a ajustar “a postura de política monetária”, ou seja, voltar a elevar juros.

Apesar do alerta, o BC parece não acreditar que a ação será necessária. “A despeito de reconhecer a existência de riscos de elevação da inflação no curto prazo, o Copom considera que a convergência da inflação para o valor central da meta (4,5%) tende a se materializar”, diz a ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual a taxa Selic foi mantida em 10,75% anuais, depois de três elevações consecutivas.

Mercado de trabalho

O comitê repete a avaliação de que, embora em ritmo menos acelerado, permanece favorável a perspectiva para a atividade econômica nacional, puxada pelo “vigor do mercado de trabalho”, pela demanda forte e por alguns estímulos fiscais remanescentes. Esses elementos continuam a ser monitorados para efeitos de decisão sobre os próximos passos da política de juros.

Por outro lado, para justificar sua avaliação de que a inflação tende a se moderar, o BC cita que medidas de estímulo econômico aplicadas durante a crise financeira foram revertidas, que o juro básico passou por uma alta desde abril – a qual ainda não se fez sentir plenamente – e menciona com especial atenção o cenário externo. Para o Copom, houve “sensível piora nas perspectivas para a economia global”, com preocupações quanto à desaceleração da China e dúvidas sobre a recuperação da economia americana. “Por conseguinte, a influência do cenário internacional sobre o comportamento da inflação doméstica revela viés desinflacionário”, diz a ata.

Projeções

Tais fatores, segundo o documento, já se refletiram nas previsões mais recentes para a inflação, tanto elaboradas pelo BC quanto pelo mercado financeiro. A ata cita que houve “significativa redução das projeções elaboradas por analistas para o nível da taxa Selic, sem contrapartida de mudanças desfavoráveis na mediana das projeções de inflação, que, de fato, recuaram bastante para 2010 e se elevaram apenas marginalmente para 2011”.

O poder da política monetária no controle da inflação evidencia, segundo o BC, o estágio avançado de amadurecimento do regime de metas de inflação, o que se “reflete favoravelmente na dinâmica da taxa de juros neutra” – aquela que não contribui nem para reduzir e nem para elevar a inflação. “Comparativamente ao que se observava há alguns anos, atualmente pressões inflacionárias são contidas com mais eficiência por meio de ações de política monetária”, conclui o documento.

Fonte: Valor