Sem categoria

Dirigente propõe "Abrir a Muralha" pela libertação dos Cinco

“Abrir a muralha” foi a palavra de ordem lançada por Ricardo Alarcón de Quesada, presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba, em discurso pronunciado no ato político-cultural realizado em Havana, no último sábado, 11 de setembro.

Companheiras e companheiros:

Gerardo, Ramon, Antonio, Fernando y Renê cumprem doze anos de injusto e cruel encarceramento em prisões norte-americanas. Injusto, porque não cometeram delito algum, não causaram dano a ninguém e pelo contrário sacrificaram os melhores anos de sua juventude para salvar seu povo evitando ações criminosas, lutando contra perigosos bandidos, sem armas, sem empregar a força nem a violência. Cruel, porque sofrem o perverso castigo longe de sua Pátria e suas familias, que enfrentam muitas limitações para visitá-los e, nos casos de Gerardo e Renê, são privados de encontrar-se com suas esposas.

Contra eles foram formuladas acusações completamente falsas, carentes de toda prova ou fundamento. Submeteram-nos a uma sórdida farsa judicial em Miami, ninho de terroristas que controlam essa cidade, seus meios de comunicação e grande parte de sua atividade econômica e política. Uma cidade que se afundou no cinismo, exatamente quando uma chusma arrogante sequestrou um menino de seis anos, Elián González, e pisoteou as leis e provocou o caos para impedir a devolução do menino sequestrado a seu pai.

Pretender que ali, nesse ambiente de ódio e violência contra Cuba poderiam ser julgados com imparcialidade cinco patriotas cubanos que tinham ido para lá para lutar contra essa máfia, era um insulto ao senso comum e à decência. Mas essa foi a brutal demanda de Washington. Um governo imoral, que sabia o que fazia, exigiu que os Cinco fossem julgados em Miami, em nenhum outro lugar, mas em Miami. Na realidade, se tratava de um gesto cínico que buscava congraçar-se com a turba delirante que assombrou o mundo e tinha saído tão mal moralmente do caso de Elián.
No ano de 2005, no único julgamento justo de todo este litigio, o Painel da Corte de Apelações decidiu unanimemente anular todo o processo e ordenar um novo julgamento, porque com muito boas razões, solidamente argumentadas numa decisão histórica, demonstrou que o julgamento original tinha violado a Constituição norte-americana, precisamente por ter sido realizado em Miami.
Em uma ação sem precedentes o governo pressionou a Corte de Apelações para que voltasse atrás.
Desde então a luta legal continuou mas em condições muito difíceis e que reduzem cada vez mais as posibilidades de uma solução por essa via.

Peço desculpas. No devo molestá-los com explicações legais e ásperos tecnicismos.
Quero apenas que vocês se perguntem por que este caso tem essa aparente dificuldade?
A resposta é muito simples: aqueles que se supõe deveriam divulgar a informação, neste caso se dedicaram a ocultá-la.

O que disse até agora são dados que deveriam ocupar o primeiro plano da atenção dos chamados meios de informação. Mas não ocuparam. Agora, doze anos depois, a situação é a mesma.
O julgamento mais prolongado da história dos Estados Unidos não foi refletido nos grandes meios de comunicação; nem os testemunhos dados no tribunal por generais, almirantes e assessores da Casa Blanca; nem a confissão das façanhas que ali fizeram uma longa fila de malfeitores, algunos luzindo suas indumentárias de guerra; nem a defesa ardorosa do terrorismo que, com total descaramento, fez o Ministério Público durante sete meses; nem sua solicitação de que se impusesse aos acusados os piores castigos de quatro prisões perpétuas e mais 77 anos de prisão; nem sua insistência em que, além das desmesuradas condenações, fossem tomadas medidas para impedir qualquer intento futuro que pudesse molestar os grupos terroristas; nem a atitude da juíza que acedeu a todas essas insólitas petições do governo. Nada disso foi noticia.

A história se repetia. Há quase um século,em um caso que ainda se recorda como flagrante injustiça, dois imigrantes italianos, Sacco e Vanzetti, foram condenados e executados arbitrariamente. Sua inocência, por certo, foi reconhecida não faz muito tempo, quando já era demasiado tarde. Mas, naqueles tempos distantes, quando ainda era possivel resgatar a justiça, um eminente jurista norte-americano tratou de salvá-los. Seu generoso afã se concentrou em uma frase: “Please, read the transcripts” (”Por favor, leiam as atas”).

Porque quem tivesse lido os papéis daquele processo se teria dado conta de que Sacco e Vanzetti eram inocentes.

Agora é a mesma coisa. Tudo está por escrito. Quem queira saber a verdade só tem que visitar ol sitio oficial da Corte do Distrito Sul da Flórida e buscar o caso “Estados Unidos contra Gerardo Hernández et al.” Quem o fizer se dará conta de que Gerardo e seus companheiros são inocentes, que nunca deveriam ser presos, nem acusados, que jamais deveriam ser encarcerados, que foram e são vítimas de um descomunal atropelo. Comprenderão ademais que a infâmia ocorreu porque o governo dos Estados Unidos quis proteger os grupos terroristas anticubanos que engendrou e cobiça. Escandalizar-se-ão ao descobrir que esse governo, em uma palavra, é culpado de praticar o terrorismo.

Quem o faça poderá ler que Washington admitiu formalmente, por escrito, que não tinha provas para acusar Gerardo do delito mais grave pelo qual ele sofre uma dupla condenação de prisão perpétua; poderá saber que o pleno do Tribunal de Apelações reconheceu que nenhum dos Cinco fez nada que ameaçasse a segurança dos Estados Unidos, que nenhum fez nada que se parecesse, nem de longe, espionagem.

Mas ocorre que as pessoas, muitas pessoas, dependem dos grandes meios de comunicação, da imprensa escrita e da televisão, para supostamente saber o que se passa no mundo. E esses meios estão sob o controle do Império.

Devemos ser capazes de criar novas formas de comunicação para que a verdade chegue a todas e todos. Alguns subindo aos cumes das montanhas, outros com o poema, a pintura, a canção, todos nós valendo-nos do que nos oferecem as novas tecnologias.

Dia e noite, sem trégua nem cansaço. Não esquecer jamais que Gerardo, Ramon, Antonio, Fernando y Renê sacrificaram suas vidas por nós. E que são eles que verdadeiramente encabeçam esta luta para libertá-los.

Recentemente, quando teve que aceder a algumas reduções parciais das sentenças que pesavam sobre Ramon, Antonio e Fernando, o Ministério Público reconheceu que seu propósito era tratar de conter o crescente movimento que em todo o mundo exige a liberdade de nossos companheiros.
Que melhor prova da necessidade de multiplicar, ampliar e aprofundar as ações solidárias?
Comprometamo-nos a fazê-lo. Que se alce, incontível, a solidariedade, que sejam milhões os que reclamem ao presidente Obama para que este faça o que pode e tem que fazer: pô-los em liberdade imediatamente e sem condições. A todos e cada um deles, aos Cinco, sem excluir nenhum.

Logo o governo de Obama deverá pronunciar-se a respeito da petição de habeas corpus a favor de Gerardo a quem já não resta outro recurso no sistema norte-americano. Nosso companheiro está nessa situação como consequência de que a Corte Suprema se negou a revisar seu caso como tinham solicitado dez Prêmios Nobel, vários Parlamentos e centenas de parlamentares, juristas e personalidades e instituições religiosas e defensoras dos direitos humanos de todo o planeta em uma ação cuja amplitude não teve precedente. Lamentavelmente a Corte prefiriu ignorar a opinião universal porque assim pediu a representante da Admininstração. Exijamos que não repitam semelhante mostra de desprezo ao mundo.

Companheiras e companheiros:
No sitio digital do Tribunal de Miami se descreve com duas palavras o estado de Gerardo: “Caso encerrado”.

A nós corresponde a tarefa de abrí-lo. Com a denúncia constante, com a mobilização permanente, com nossas vozes às quais se somarão muitas outras, até que ele e seus quatro irmãos regressem livres à Pátria e se unam a nós em um Concerto durável.

Juremos não enfraquecer nesta luta, até a Vitória Sempre.

Fonte: Cubadebate