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Dólar derrete e UE quer ação conjunta contra desvalorização

A queda do dólar não é um problema apenas para o Brasil. A moeda estadunidense, que nesta quarta (15) ensaiou uma leve alta em relação ao real e ao euro, está caindo no mundo todo, provocando turbulências nos mercados cambiais e ampliando as preocupações sobre os rumos da economia mundial. Alcançou o seu menor valor em relação ao iene em 15 anos na terça-feira (14) e, por aqui, ameaça descer abaixo de 1,7 real, apesar das intervenções do Banco Central e dos protestos da Fazenda.

Nesta quarta, o chairman do Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças da zona do euro), Jean-Claude Juncker, disse que a União Europeia acredita que uma ação contra a desvalorização do dólar teria mais efeito se fosse uma iniciativa coordenada por vários países, ao invés de uma ação isolada, como a tomada pelo governo do Japão. “Ações unilaterais não são a forma apropriada de lidar com desequilíbrios globais”, afirmou.

A fraqueza do dólar reflete as fragilidades da economia norte-americana, que ainda não conseguiu sair da crise iniciada em dezembro de 2007 e, com o mercado imobiliário em frangalhos, enfrenta o perigo de um duplo mergulho na recessão.

Fim do câmbio livre?

A instabilidade cambial está colocando em xeque a política de câmbio livre ou flutuante, adotado no Brasil e no chamado Ocidente, ao forçar a intervenção dos Estados. Os fatos sugerem que a China tem razão ao manter o câmbio sob controle, o que pode influenciar outros governos. A fé nas virtudes do câmbio flutuante está vindo abaixo com a persistente queda do dólar. O caso do Japão é exemplar.

Pela primeira vez desde 2004, o governo japonês interveio nesta quarta no câmbio depois que a moeda americana fechou num nível considerado crítico em relação ao dinheiro nipônico (valendo 82,93 ienes), o que é uma péssima notícia para os exportadores japoneses e obstrui o caminho da recuperação da indústria.

Evitar flutuações excessivas

Após a decisão do Banco do Japão, que comprou dólares no mercado à vista, o iene chegou a cair 2% e deu início a um movimento de alta global do dólar. A medida também ajudou a impulsionar o euro, o dólar australiano e a libra esterlina frente ao iene. O ministro das Finanças japonês, Yoshihiko Noda, não revelou o tamanho da intervenção, mas informou que foi a primeira atuação dessa natureza desde março de 2004 e que foi conduzida unilateralmente, sem coordenação com os Estados Unidos.

"A intervenção foi conduzida para evitar flutuações excessivas", observou Noda. "Vamos continuar monitorando os eventos e tomaremos ações decisivas, incluindo outra intervenção, se necessário", completou. Afirmou, ainda, que o impacto da alta do iene sobre a economia não pode ser ignorado.

Mesmo após o fechamento do mercado no Japão, o governo japonês continua intervindo no câmbio em Nova York. “A alta provavelmente vai parar na casa de 80, a não ser que a economia dos Estados Unidos dê um salto ou que o Fed passe a uma política mais altista. Até que isso aconteça, eu não acho que os ganhos no dólar/iene podem ser sustentados”, disse Lee Hardman, economista do Bank of Tokyo Mitsubishi-UFJ, em Londres.

Colômbia

Segundo relatório do banco BNP Paribas, “a principal história do dia é a intervenção do Japão no câmbio”. Por meio do documento, o banco disse acreditar “que as chances das autoridades japonesas reverterem a tendência do iene são pequenas”.

Também nesta quarta-feira, o Banco Central da Colômbia anunciou que vai reiniciar a compra de pelo menos US$ 20 milhões por dia, ao longo dos próximos quatro meses, para atenuar a valorização da sua moeda.
Neste primeiro dia de compras, o governo colombiano comprou US$ 19,9 milhões, afirmaram operadores de mercado.

Da redação, com agências