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Renato Rabelo: Dilma, o “equilíbrio fiscal” e a variável política

A menos de 20 dias para a realização das eleições gerais de 3 de outubro, crescem os rumores (muitos deles pautados pela “vontade particular de cada articulista) sobre a orientação em matéria de política econômica de um hipotético governo Dilma.

Por Renato Rabelo*

Ao lado da busca do citado objetivo, uma série de medidas fiscais, de incentivo ao investimento privado em infraestruturas e de desoneração de exportações completaria um pacote capaz de combinar ajuste fiscal com crescimento da economia.

De fato, a matéria deixa transparecer que o governo Dilma esteja se preparando para enfrentar turbulências internas – derivadas da situação econômica internacional – a partir de “receituários” nada consagrados em matéria de política monetária. Exemplo disto está no fato de que – segundo a matéria – por detrás do objetivo da redução de nossa dívida interna líquida estaria um processo de convergência dos juros praticados internamente com os praticados no exterior. Ao mesmo tempo em que afirma isso, a própria matéria se calça em projeções da revista editada pelo Banco Central (Focus) onde afirma que em 2014 a taxa SELIC se estabilizaria em 10%, ou seja, sem grandes diferenças com as taxas praticadas atualmente.

É exatamente aí que se encontra a contradição da matéria. Um “pecado capital” cometido está na separação entre os rumos de uma hipotética política monetária com o quadro político do momento futuro. Em outras palavras é interessante reafirmar que essa contenda em torno da taxa de juros não é algo que se encerra em cálculos econômicos. O problema é político, puramente determinado pela correlação de forças ainda em fase de cristalização.

*Presidente nacional do PCdoB