Sem categoria

Benício Del Toro ajudará Lula a internacionalizar projetos

“Eu gosto daqui, deste lugar, deste Brasil que eu estou vendo”. Foi dessa forma que o ator portorriquenho Benício Del Toro qualificou a visita que faz ao país, durante entrevista ao Opera Mundi em frente ao hotel em que esteve hospedado em São Paulo.

Depois de tomar café da manhã no sábado (18) com Dilma Rousseff, o ator porto-riquenho Benício del Toro aguardou pacientemente pelo encontro com o presidente Lula, previsto para ocorrer no camarim de um comício petista em Campinas (SP). Como os demais convidados para o ato, ficou sentado no lobby de um hotel, à espera do transporte que a todos levaria para o Largo do Rosário, centro do município.

O intérprete cinematográfico do Che ocupou o tempo dando autógrafos e tirando fotos ao lado de candidatos a governador, senador e deputado, além de seus familiares. Mais de três horas se passaram até que foi instalado em uma van e conduzido para o evento. O comboio só seguiu quando Lula se desocupou de suas atividades administrativas e reassumiu a liderança da campanha eleitoral do PT.

Del Toro ainda teve que aguardar o encerramento do comício. Dez mil eleitores acompanharam duas horas de discurso, concluídas com a intervenção do presidente. O ator, acomodado em uma sala privada ao lado do palanque, escutava com atenção os oradores e a reação do público.

Logo depois de falar aos presentes, cansado, Lula desceu uma pequena rampa para compartilhar alguns momentos com o ilustre convidado, presenciados com exclusividade por Opera Mundi. Del Toro estendeu a mão, algo formal, mas logo recebeu um abraço apertado. O presidente agradeceu sua presença e pôs-se a falar sobre um de seus assuntos preferidos nas últimas semanas: o que fará depois de deixar o governo.

Lula explicou a Del Toro que pretende empenhar parte de seu tempo no comando de uma instituição que se dedique a estudar os principais problemas da África e América Latina, trocar informações e ajudar na implantação de projetos para o combate à fome e à pobreza. “Nós fizemos muitas coisas nesses oitos anos, aqui no Brasil”, relatou o presidente. “Várias de nossas experiências podem ser úteis a outros povos. Pretendo divulgá-las e contribuir para sua internacionalização.”

O ator ouvia com atenção a explicação de Lula. Acabou surpreendido por um convite: “Eu preciso de gente como você ao meu lado, Benício”, emendou o brasileiro. “O apoio de artistas e intelectuais com o teu prestígio é muito importante para dar mais repercussão e popularidade a essas idéias. Quando terminar meu governo, vou te procurar para trabalharmos juntos.”

Del Toro, um pouco aturdido, pareceu emocionado. “De cabeza, presidente, de cabeza”, respondeu a Lula, utilizando gíria de seu país que significa adesão irrestrita a alguma idéia ou plano. “Estarei à disposição do senhor na hora em que me chamar.”

Com timidez, pediu ao presidente que autografasse seu boné. Lula sorriu e atendeu o pedido, em uma cena inusitada. O ator aproveitou, ao se despedir, para presenteá-lo com uma cópia do filme Che. Cumprimentaram-se, prometendo novas conversas. Muitas fotos depois, Del Toro pode voltar à van que o levaria a São Paulo, de onde partiria para os Estados Unidos.

“Um estadista, com muita energia e carisma”, repetia o ator a quem lhe perguntava sobre o que tinha achado de Lula. “Quero trabalhar com ele, seus planos nada têm a ver com a politicagem tradicional.” O presidente também parecia satisfeito. “Del Toro é um homem simples, atencioso e disposto a ajudar o povo”, declarou à reportagem. “Não é sempre que grandes artistas têm essa disposição.”

Benício del Toro, que havia chegado a São Paulo no dia 15 de setembro, voou para Nova Iorque às 21h do dia 18. Antes de seus encontros com Dilma e Lula, visitou a escola nacional do MST e reuniu-se com cineastas no Rio de Janeiro. Ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante por Traffic (2001) e eleito o melhor ator no Festival de Cannes pelo papel de Ernesto Guevara (2009), partiu dizendo que, em breve, voltará ao Brasil.

Fonte: Opera Mundi