Zito defende frente popular em entrevista no triângulo

Em sabatina ao CORREIO, o candidato do PCdoB ao Senado, Zito Vieira, disse que o governo estadual deu pouca atenção ao Triângulo Mineiro, principalmente ao setor produtivo. Segundo o candidato, Minas não seria uma unidade tão desenvolvida “se não fosse o governo Lula”, que, conforme apontou, em sete anos e meio investiu algo da ordem de R$ 49 bilhões no Estado, sendo R$ 700 milhões em Uberlândia.

Zito - Pedro Leão

CORREIO: A sua vaga de candidato foi disputada pelo PT e pelo PMDB no período de pré-campanha, e para abrigar aliados, os partidos acabaram cedendo a vaga ao PCdoB. Como é que foi esse processo internamente até chegar à definição?

No processo natural de debate de candidaturas numa coalisão que envolve mais partidos, o debate é inevitável, considerando que temos uma chapa envolvendo dois grandes partidos do Brasil, o PMDB e o PT. Com eles, há o PRB e o PCdoB. Na busca de um projeto de governo de uma aliança política que se formou nacionalmente e que se repetiu em Minas de forma marcante, contudo, prevaleceu o bom senso.

Uma composição requer um programa que seja um projeto harmônico e que tenha a participação de todos os aliados. Foi isso que aconteceu. Ficou bem equilibrada a chapa, com o PMDB puxando a cabeça de chapa, com o Hélio Costa, o PT na vice com Patrus Ananias e eu e o Pimentel nas vagas de Senado. Eu tenho na minha suplência o Gilson, que é do PT de Governador Valadares, e na segunda suplência Aparecida Moura, presidenta do PMDB mulher. Esse processo foi finalizado com sucesso e prevaleceu o equilíbrio político, o bom senso.

O senhor parte para a primeira disputa apostando em proposta, no apoio desses candidatos majoritários, no apoio do Lula e do Hélio Costa…qual o foco da sua campanha?

A candidatura tem um objetivo central que é fazer um debate político sim, mas debater temas que eu considero importantes, como as reformas tributária, política, da mídia, reforma da educação, reforma agrária, temas que meu partido tem elaborado. A campanha tem essa finalidade de ajudar a coligação como um todo, considerando que somos um projeto único. Temos um propósito encabeçado pelo Hélio Costa. Considerando isso, a candidatura tem esse papel: Minas mais desenvolvida, com distribuição de renda. Vejo Minas hoje como um estado com muita desigualdade econômica regional.

Pasmem, não vejo no governo atual e nem no anterior nenhuma preocupação nesse sentido de harmonizar o desenvolvimento econômico e regional em nome de um projeto de desenvolvimento mineiro. Me preocupa a situação de que Minas vai perder posição econômica para estados importantes, como o Rio de Janeiro. Me preocupa ainda que uma região tão dinâmica economicamente como o Triângulo Mineiro tem tido pouca atenção do governo do Estado. Caminhei pelas ruas de Uberlândia e de Uberaba e temos feito a indagação ‘qual é a grande obra do governo do estado no Triângulo Mineiro?’. As pessoas nas ruas não sabem me responder.

Mas no discurso do governo local é que nunca se investiu tanto no Triângulo e em Uberlândia como agora.

Exatamente, esse é o discurso. O que eu tenho visto é que só o governo federal aportou em Minas coisa da ordem de R$ 49 bilhões em sete anos e meio e no Triângulo, em Uberlândia, a agenda de obras e investimentos do governo federal é da ordem de R$ 700 milhões. É só pegar a duplicação da BR 050, da ordem de R$ 400 milhões; mais R$ 147 milhões para a usina de etanol; se você pega toda uma obra social de saneamento, casas, vai mais de R$ 100 milhões. Em Uberaba, o PAC é da ordem de R$ 500 milhões. Só para dizer os dois grandes pólos do Triângulo.

O Prouni de Uberlândia, temos aqui 3.044 jovens fazendo Medicina, Direito, Enfermagem, Sociologia com visto popular, quer dizer, de graça. Há uma preocupação forte do governo federal com a região. Não existe a Minas desenvolvida, conforme se fala, se não fosse o Lula. Não é à toa que o Lula tem 90% de aprovação no Triângulo Mineiro, e não é à toa que a Dilma, nossa quase presidenta, tem um grande apoio aqui. Como também não é à toa que nosso candidato Hélio Costa também lidera todas as pesquisas no Triângulo.

O empresariado do Triângulo é moderno, dinâmico, mas não tem tido espaço à medida que o governo estadual fecha a Epamig, à medida que o Estado não dá um trato na questão da carga tributária, que é um dilema. Muitos postos de combustível ao longo do Triângulo fecham porque não agüentam uma carga de 18%, 22% de ICMS ao passo que em São Paulo é de 12%.

O governo do Estado me perdoe, e também o meu adversário de Senado, que conhece mais a Barra da Tijuca do que o Triângulo Mineiro. Quem mais investiu em ciência e tecnologia em Minas foi o empresariado do Triângulo, dinheiro privado. Minha campanha e candidatura para o Senado tem esse propósito de levar esses temas. Em nome desse debate, de uma Minas para os mineiros, para o empresário produtivo. Precisamos de um projeto de desenvolvimento em Minas levando em conta as diversidades regionais. Essa é a nossa meta principal.

Hoje o senhor está em quarto lugar nas pesquisas, com 3%. É possível ainda alcançar os concorrentes na reta final, contando com o apoio da associação da sua candidatura à imagem do Lula, como tem sido a campanha do seu aliado Fernando Pimentel?

Eu vim aqui dar um abraço aos irmãos do Triângulo Mineiro e agradecer o grande apoio que a população do Triângulo tem dado ao Hélio Costa e à Dilma, que acredito está quase eleita presidenta. Por isso considero que essa minha jornada tem como centro ajudar a ter um governador de Minas e um senador de Minas com sintonia completa com a futura presidenta da República.

Penso que qualquer governador ou senador que seja eleito que não tenha sintonia com a presidenta da República, podemos ter aquela confusão como a do Itamar com o Fernando Henrique, aquela trapalhada em que Minas perdeu. Sobre a pesquisa, sou sociólogo, conheço a matéria, labuto com isso e me estranha o dado do Ibope.

O Datafolha, instituto de renome nacional, nos dá 3% de diferença a favor do Hélio, para governador, e me dá com 3%, 4% na candidatura para o Senado. O Ibope me dá com 2%. É importante o cidadão comum saber que a pesquisa boa mesmo é a do dia 3 de outubro. Essa é a que vai valer. Não acredito em pesquisas fabricadas, com metodologias viciadas. O voto não tem dono, o jogo é jogado e lambari é pescado.

Quero ser eleito senador para ajudar a Dilma. Senador que vai para Brasília para brigar com a presidenta da República vai dar naquilo que o povo brasileiro conheceu: na derrota da CPMF a população brasileira perdeu R$ 120 bilhões da saúde pública. Os senadores do DEM, do PSDB foram responsáveis por tirar R$ 40 bilhões por ano da saúde pública. A Dilma não pode ter senador pra este tipo de serviço em Brasília, como também não pode ter governador pra brigar com ela. Minas pode perder com isso.