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Cerca de 3,5 milhões de franceses vão às ruas contra reformas

A França viveu nesta terça-feira (19) um novo dia de greves e manifestações contra a reforma da aposentadoria, imposta pela administração Nicolas Sarkozy.

Cerca de 3,5 milhões de pessoas saíram às ruas – número parecido ao da greve da última terça-feira (12) -, segundo os sindicatos franceses. O Ministério do Interior, entretanto, deu números três vezes menores, indicando que cerca de 1,1 milhão de manifestantes participaram das 266 marchas em todo o país. Só em Paris, 380 mil pessoas foram às ruas.

As manifestações incluem greves em todos os setores da economia do país. A greve das 12 refinarias da França deixou sem combustível 4.000 dos 12,5 mil postos de gasolina do país, segundo o ministro da Energia, Jean Louis Borloo.

Aeroviários, ferroviários, professores, carteiros e os motoristas dos carros-blindados que abastecem caixas eletrônicos se juntaram aos petroleiros e aos secundaristas num dia dedicado a manifestações contra o projeto que eleva a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos.

O Senado deve votar na quarta-feira o projeto, que faz com que muitos franceses temam a perda de direitos conquistados a duras penas. Mesmo com a aprovação do projeto antipopular, os sindicatos franceses, que já derrotaram reformas previdenciárias e trabalhistas em 1995 e 2006, prometem não desistir.

Nesta terça, uma reunião presidida por Sarkozy no Palácio do Eliseu contou com a presença de vários ministros. O encontro pretendia colocar em execução um plano de abastecimento de combustível.

Após as manifestações de segunda-feira (18), Sarkozy ameaçou aumentar a repressão policial, reiterando sua intenção de prosseguir com a reforma.

A oposição ao governo voltou a reprovar a intransigência do executivo e o secretário-geral da CGT (sindicato de trabalhadores da frança), Bernard Thibault, pediu ao governo para "aceitar negociações com os sindicatos".

Atualmente em tramitação final no Senado, o projeto elevará de 60 para 62 anos a idade mínima para se aposentar e de 65 a 67 anos para ter direito à pensão completa. A Casa deverá aprovar a medida na quinta-feira (21).

Uma pesquisa do instituto Viavoice mostrou que 65% dos franceses são contra a mudança na aposentadoria, mas o presidente, demonstrando intransigência, disse que levará adiante os planos.

Ao contrário, 71% dos franceses, segundo o instituto CSA, apoiaram o dia de greves e protestos desta terça-feira. Conforme a União Nacional de Estudantes da França (UNEF), 10 das 83 universidades do país estão fechadas em protesto.

Em Paris, a polícia agrediu centenas de estudantes que participavam da manifestação contra a medida do governo. Em Lyon, a polícia atirou gás lacrimogêneo contra uma multidão que se manifestava de forma pacífica.

Com vários graus de adesão, a greve foi acompanhada nos correios, telecomunicações, educações, creches, rádios públicas e até coletores de lixo e transportadores de valores de centenas de cidades do país.

Da redação, com agências