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Apelo do Partido Comunista Francês: "Decididos a vencer!"

Somos milhões mobilizados em todo o país contra o projeto governamental da reforma das aposentadorias, muitos milhões a exigir seu abandono e a abertura de um verdadeiro debate sobre uma reforma alternativa, que garanta a aposentadoria integral aos 60 anos.

A luta é massiva e popular, pois três em cada quatro franceses apóiam essa luta e condenam o governo em sua recusa de negociar. Cerca de 71 % dos franceses rejeitam esse projeto socialmente injusto e economicamente ineficaz, um verdadeiro recuo social. O presidente e seu governo menosprezam as aspirações populares e tratam a juventude como inimiga!

Não queremos essa sociedade! Todos nós já fizemos as contas! O recuo da idade legal para começar a aposentadoria, o prolongamento do tempo de contribuição, significam querer diminuir o montante de nossas pensões e abrir a porta à capitalização. Este ataque prepara outros golpes contra a seguridade social e os serviços públicos.

Juntos somos milhões a rejeitar a sociedade ultra liberal modelada por Sarkozy e sua maioria: uma sociedade autoritária, anti-social, sob as ordens do Medef (Organização do grande capital) e dos mercados financeiros. É mais intolerável ainda que centenas de bilhões de euros dos fundos públicos tenham sido gastos sem contrapartida, desde o inicio da crise financeira, para salvar os bancos e seus dividendos. "Verdadeira aposentadoria e verdadeiro emprego para todos e todas!". Somos milhões na mobilização na plena consciência de que desde agora é necessário enfrentar as desigualdade sociais, de carreiras, de empregos e salários, assim como a precariedade que fragilizam cada vez mais as mulheres e os jovens trabalhadores em primeiro lugar.

Os parlamentares comunistas, republicanos e cidadãos se opõem com determinação ao projeto Sarkozy-Woerth. Eles defendem outra lógica de financiamento das aposentadorias que pereniza o sistema solidário das aposentadorias por repartição, aposentadoria integral sem prolongamento do tempo de contribuição. Eles propõem taxar o capital, desenvolver o emprego e os salários, base do financiamento do sistema por repartição; taxando as rendas financeiras da empresas e dos bancos, modulando a taxa de contribuição social patronal, o favorecimento do emprego, da qualificação e dos salários, terminando com a isenção da contribuição patronal.

Mesmo com a votação da lei, a mobilização pode impor sua revogação, como Jacques Chirac foi constrangido a fazer com a questão do primeiro emprego em 2006.

Queremos vencer! O Partido Comunista Francês apela a amplificar a mobilização na mais ampla unidade sindical e política, a participar maciçamente nas jornadas de ação de 28 de outubro e 6 de novembro e a prestar solidariedade de luta e financeira aos grevistas e às empresas ocupadas. O PCF apela que, na próxima semana, todos os eleitos da esquerda e progressistas do país se dirijam ao Eliseu e aos governos provinciais para repudiar a promulgação de uma lei ilegítima, minoritária, votada à força por parlamentares submetidos por Nicolás Sarkozy.

A mobilização popular sobre as aposentadorias e contra a política anti-social da UMP está transformando tudo. Dois projetos de sociedade se confrontam: o de uma proteção social ampla para todas as idades e de serviços públicos universais, contra o da insegurança social permanente: o projeto da solidariedade da cooperação e do viver juntos contra o da concorrência e do individualismo; o projeto do trabalho liberado do tempo para viver, para se cultivar e se dedicar a atividades sociais escolhidas, contra o projeto de todas as alienações, todas as explorações, todas as dominações.

É chegado o tempo de formular um projeto coletivo que possa abrir o caminho a uma nova era democrática, política e social para nosso país. A esquerda frequentemente se reuniu contra a direita, mas não está unida sobre os conteúdos e as condições para a mudança tão esperada. Temos necessidade de uma alternativa de mudança, de novas escolhas de sociedade, de novos direitos para os indivíduos e os povos. Por toda a parte na Europa manifestações cada vez mais unitárias vão nesse sentido portando exigências de rupturas com as atuais orientações da União Européia.

Sim somos muitos milhões determinados a resistir, a fazer fracassar a política de Nicolás Sarkozy, a querer sua derrota e a de sua maioria nas ruas e nas urnas.

Para isso queremos construir desde agora as mudanças políticas que permitirão à esquerda romper com a lógicas liberais prometidas pelo Medef, a Comissão Europeia ou ainda o FMI, substituindo-as por novas lógicas de justiça e eficácia social.

A construção de um projeto coletivo de esquerda à altura das expectativas não anda sozinha! É nosso dever nos metermos nela!

Nós que somos tão numerosos e estamos na mobilização social, nós que desejamos uma verdadeira mudança da sociedade, devemos engajar-nos com a mesma determinação no debate sobre as transformações radicais de que a França e a Europa têm necessidade e que a esquerda devera realizar se ela quer derrotar a direita de maneira durável.

Para fazer isto, devemos transformar-nos em atores do debate político!

Cabe a vós e a todos nós, juntos, dizermos: "Eis o que a esquerda deverá fazer: a esquerda é a aposentadoria integral aos 60 anos; a criação de um pólo bancário e financeiro publico para uma utilização social dos lucros, dos fundos públicos e do crédito que sirvam para desenvolver os seres humanos e não para a especulação; a esquerda é a proibição das demissões e a garantia do emprego e da formação; a esquerda é o aumento dos salários e não dos lucros; a esquerda é a revogação de todas as reformas securitárias e liberticidas promulgadas por Besson e Hortefeux; a esquerda é dar palavras e poderes aos cidadãos na empresa e na cidade; a esquerda é o apego à comuna, ao departamento (província), à região, à liberdade de ação e cooperação, aos serviços públicos locais; a esquerda é uma outra política européia e a refundação da União Europeia; a esquerda é levar o ser humano e o futuro do planeta ao coração da sociedade". Realmente, não queremos mais uma esquerda que renuncie a esses objetivos!

Esse é o sentido do programa popular e compartilhado que o Partido Comunista Francês e as forças da Frente de Esquerda entendem construir no coração das mobilizações, no coração de uma união popular, para satisfazer as necessidades humanas tomando o dinheiro onde ele está!

Contra o pacto do dinheiro que eles selaram em 2007 no "Fouquet´s", é chegado o tempo de construir um pacto de união popular.

Fonte: Site do Partido Comunista Francês (www.pcf.fr)