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Senado da França aprova reforma da previdência

Apesar da oposição popular e de manifestações de milhões de trabalhadores e estudantes, a reforma das aposentadorias foi aprovada nesta sexta-feira (22) pelo Senado francês, que foi pressionado pela administração Sarkozy a votar o mais rápido possível a mudança na legislação.

A lei aumenta a idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos a partir de 2018 e gerou uma série de protestos e confrontos em todo o país nas últimas semanas. Na última terça-feira mais de 3 milhões de pessoas foram às ruas das maiores cidades da França, em franca oposição à medida

Embora tenha a maioria no Senado, a reforma foi aprovada por 177 votos contra 153. O projeto agora será reescrito por uma comissão parlamentar, que o encaminhará ao Conselho Constitucional, a autoridade legal suprema da França.

O Senador Guy Fisher, do CRC-SPG da região do Rhône, faz uma declaração em vídeo postado no site do site do Partido Comunista Francês de que a aprovação da reforma na casa alta do parlamento "foi um golpe de força inaceitável."

O PCF lançou um veemente apelo em seu site à continuidade da luta para derrotar a reforma neoliberal e conservadora de Sarkozy. O documento faz ainda um chamamento às forças progressistas de esquerda a se unirem na luta por uma verdadeira alternativa.

Trabalhador vai pagar a conta

Os sindicatos e a oposição de esquerda criticam a reforma, denunciando que a conta da mudança vai ficar nas costas dos mais pobres. Desde o dia 7 de setembro diversas mobilizações foram organizadas e os protestos cresceram na última semana, com o bloqueio de refinarias e greves em setores como o de transportes. Aos grevistas se juntaram estudantes secundaristas e universitários.

Os seis dias de protestos nacionais que ocorreram desde então mobilizaram mais de 3,5 milhões de pessoas, conforme os sindicatos.

A França atravessa a crise econômica que assola vários países da União Europeia desde 2008, em particular a Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda. Assim, sua administração procura dar uma saída semelhante às dadas pelos governos daqueles países, colocando a conta do desastre nas mãos dos trabalhadores e deixando intocadas as grandes fortunas e o sistema financeiro.

Nas últimas semanas quase 15 milhões de franceses saíram as ruas para protestar contra a lei em gigantescas manifestações. Foram seis levantes populares e uma greve geral que paralisou grande parte da atividade econômica e dos serviços públicos.

Conforme os organizadores, mais de 3,5 milhões de pessoas participaram na manifestação do dia 15, das quais 330 mil em Paris. As grandes universidades aderiram ao protesto assim como os estudantes de mais de 1.200 escolas. As refinarias não funcionam e a falta de combustível afetou até os aeroportos internacionais do país.

O movimento conta com a simpatia da maioria da população e é o maior protesto feito na França nas últimas décadas. Os franceses afirmam que a reforma de Sarkozy é uma grave ameaça não apenas à segurança social, mas aos direitos conquistados pelos trabalhadores em séculos de lutas.

A impopularidade de Sarkozy subiu nestes dias para o nível mais alto atingido por qualquer presidente da França desde o final da Segunda Guerra Mundial. Os protestos têm sido acompanhados com extrema atenção por parte dos trabalhadores europeus, particularmente os portugueses, já que o governo de José Sócrates também tenciona reformar a lei da aposentadoria.

Segundo analistas, o movimento francês contra as medidas auitoritárias de Sarkozy é um valioso estimulante para a luta que os trabalhadores portugueses terão diante de si, com destaque para a greve geral marcada para o dia 24 de novembro.

Reforma lesiva

A reforma é altamente lesiva aos interesses dos trabalhadores jovens, cmo menos de 25 anos, já que a taxa de desemprego entre eles chega a assustadores 72% da população em idade ativa. A reforma aumenta o tempo de contribuição e os jovens terão de trabalhar além dos 70 anos caso queiram atingir a faixa de aposentadoria plena.

Na outra ponta da faixa etária, a França amarga uma das taxas mais baixas de empregabilidade da Europa entre os trabalhadores de 55 anos a 64 anos, 38,1%, mesmo tendo melhorado 6,5 pontos percentuais de 2000 a 2005.

Segundo o Eurostat, o banco de dados da União Européia, em 2006, a média da zona do euro era de 43,5% e a meta era chegar a 50% este ano — ilusão depois da crise de 2008.

Da redação, com agências