Trabalho escravo no norte fluminense é preocupante, diz ministro
O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, denunciou no dia 21 a persistência de práticas análogas ao trabalho escravo na região norte do estado do Rio de Janeiro, onde se concentra a lavoura canavieira.
Publicado 22/10/2010 19:20 | Editado 04/03/2020 17:04
Vannuchi participou, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da entrega do Prêmio João Canuto, concedido a entidades e personalidades que se destacaram na defesa dos direitos humanos durante o ano.
Vannuchi fez um balanço positivo do tratamento da questão durante os oito anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas apontou o exemplo fluminense como preocupante.
“A Organização Internacional do Trabalho faz um relatório anual e o Brasil é apresentado como o programa mais exemplar para o mundo inteiro. O presidente Lula determinou, em 2003, que isso fosse uma prioridade. Eu cheguei a alimentar a ilusão de que seria capaz de terminar o período de governo com o trabalho escravo erradicado, mas isso não aconteceu. Lamento que o Rio de Janeiro – inclusive o Comitê Popular pela Erradicação do Trabalho Escravo no Norte Fluminense é um dos premiados – começa a ter uma nova incidência preocupante”, disse Vannuchi.
O representante do Comitê Popular pela Erradicação do Trabalho Escravo no Norte Fluminense, Juvenal Rocha, afirmou que a situação na região é grave, principalmente entre os cortadores de cana.
“Nos últimos três anos, os casos têm aparecido mais, de forma oficial, pela atuação do comitê e pelas operações do Ministério Público e da Polícia Federal. No ano passado, a cidade de Campos teve 715 casos, sendo considerada a capital nacional do trabalho escravo. Este ano já temos 217 casos, o que é menos do que no ano passado, mas não sabemos se haverá aumento, pois agora é o período das rescisões de contrato. A prática acontece com os cortadores de cana locais e os migrantes, que vêm de várias regiões do país”, denunciou Juvenal.