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Paulo Henrique Amorim: jornal nacional já começa a bajular Dilma

Dilma deu a primeira entrevista ao vivo, como presidente, à TV Record. O jornal nacional teve que engolir: foi a segunda.

Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada

Na hora de falar sobre a liberdade de imprensa, voltou a repetir: prefere a crítica ao silencio da ditadura. E recomendou: se você não estiver satisfeito, use o controle remoto.

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O melhor controle sobre a imprensa é o controle remoto!, ela disse. (Como se sabe, o doutor Roberto Marinho lutou febrilmente para atrasar a introdução do controle remoto no Brasil…)

Quando tomou posse, em 2002, o presidente Lula falou, primeiro, à Globo e co-ancorou o jornal nacional. O jogo mudou. Se o amigo navegante não estiver satisfeito, faça como ela recomendou: use o controle remoto.

O tratamento que o Casal 45 (Willian Bonner e Fátima Bernardes) do jn dispensou à presidente Dilma Rousseff, na entrevista que se seguiu à da Record, foi chocante. Antes, o Casal 45 desempenhou o papel de algoz e tratou Dilma com fúria. Era “ou Serra ou nada”! A ponto de a mulher cutucar o marido, em cena, para ser mais cortês na sessão de tortura à Dilma.

Ontem, não. Tratou a presidente eleita a leite e mel, como se faz nos Spirituals. O marido do Casal 45 já tinha dito um “me perdoe” ao Serra. E, ontem, com a mesma entonação adulosa, fez questão de observar que aquela entrevista era uma forma de a Dilma demonstrar respeito à liberdade de imprensa (da família Marinho). Observação tão estulta quanto inapropriada.

Sem se encantar

A Dilma já disse e repetiu que prefere a Globo e a Veja, a última flor do Fascio, ao silêncio da ditadura. E considera a liberdade escandalosa que a Globo e a Veja detêm hoje resultado, também, da luta que ela e outros – que não fugiram para o Chile – empreenderam contra a ditadura que a Globo e a Veja defenderam – com unhas e grana.

É muito pouco provável que a presidente Dilma Rousseff se deixe encantar pela cortesia forçada do Casal 45 – e de seus patrões, subitamente encantados com a ex-guerrilheira. Espera-se que a presidente Dilma se lembre do que padeceu na mão do PiG.

Em que canal de televisão da França, digamos, se ouviria um apresentador de televisão (de feições patibulares) se referir a uma candidata a presidente como “manda essa mulher calar a boca!”? Cabe lembrar que o direito à Comunicação é um bem do cidadão, assegurado pela Carta dos Direitos do Homem da Revolução Francesa.

A propósito, seria interessante se a Helena Chagas, feita ministra da Comunicação pela Folha, desse à presidente para ler na viagem a Adin por Omissão com que o professor emérito Fábio Comparato pretende fazer o Congresso legislar sobre os capítulos da Constituição de 88 que tratam da Comunicação.

Aprovar uma Ley de Medios é dever de um presidente democrata. Assegurar ao cidadão o acesso à informação objetiva, universal, com o sagrado direito de resposta. Nenhuma campanha presidencial foi tão suja quanto a que empreendeu o José Serra, o candidato do aborto e da farsa da bolinha de papel. Serra oscilou entre a calhordice e a sordidez. Que isso fique claro, antes que ele entardeça. E tudo com o apoio despudorado do PiG.

Ou não foi o Casal 45 quem trouxe o “perito” Molina para provar que Serra tinha sido vítima do atentado ao Duque de Sarajevo, com aquela mortífera fita de adesivo? A presidente Dilma não pode esperar os 45’ do segundo tempo para, enfim, descobrir que o PiG é um atentado à democracia.

O exemplo que vem da França

A propósito, o bom amigo Luiz Felipe de Alencastro enviou e-mail de Paris com texto do Monde com uma ação pontual do Conselho Superior dos Meios Audiovisuais. Trata-se do órgão francês que põe em prática uma Ley de Medios. É bom dar o exemplo da França, para a Judith Britto, presidente da ANJ, não dizer que isso é coisa de argentino.

Cadê a Judith Brito, por falar nisso?, a autoproclamada “líder da oposição” ? Vai levar o “perito” Molina para o Conselho de Tecnologia Aplicada da ANJ ?

O Conselho de Áudio-Visual vai punir o canal France 2 porque exibiu declaração do “perfumeiro” Jean-Paul Guerlain, que disse ter trabalho como “um negro” para produzir o perfume Samsara. Guerlain chegou ao requinte de dizer que não tinha certeza se, de fato, os negros são capazes de trabalhar muito.

O Conselho de Audiovisual entrou em campo. A punição pode ser a multa e, até, o fechamento do canal. Vive la France!