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Celso Lungaretti: Serra roda a baiana na França

Cinco dias depois da derrota na eleição presidencial, José Serra continua com a cabeça quente: fez declarações destrambelhadas e rancorosas em Biarritz, sul da França, acabando por receber um merecido "por que não te calas?" de um representante da Fundação Zapata, do México.

Por Celso Lungaretti*

O tema do encontro eram as relações entre a América Latina e a União Europeia, mas Serra passou longe dele. Preferiu ocupar seu tempo com furibundas diátríbes contra o Governo do seu país, lavando roupa suja em casa alheia: acusou o presidente Lula de desindustrializar o país; disse que ele adota um "populismo de direita" na economia e não tem modelo econômico definido; criticou os investimentos do Governo Federal e a alta carga tributária; vituperou o sistema de orçamento participativo, em que o contribuinte decide sobre a destinação de parte dos impostos.

Chegou ao cúmulo de se queixar de que não pôde expor suas idéias como gostaria durante a campanha eleitoral, supostamente porque haveria um estado policial o tolhendo:

"A democracia não é apenas ganhar as eleições, é governar democraticamente".

O que faltou à nossa democracia? Providenciar uma barragem de guarda-chuvas para protegê-lo das bolinhas de papel?

Continuando a abordar assuntos políticos que nada tinham a ver com a pauta econômica do evento, ele estava soltando os cachorros contra a política externa brasileira, por se "unir a ditaduras como o Irã", quando foi interrompido com a mesma frase proferida pelo rei espanhol Juan Carlos contra o presidente venezuelano Hugo Chávez:

"Por que não te calas?!".

* Celso Lungaretti é jornalista e escritor