Sem categoria

Paulo Henrique Amorim: quem gostava do Silvio Santos era a Globo

Como se sabe, o Silvio fazia questão de dizer que estava muito feliz com o segundo lugar. Silvio transformou uma concessão pública de televisão num instrumento de venda de seus produtos fora da televisão.

Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada

Silvio não estava preocupado em tirar o lugar da Globo. Ele não queria ser o primeiro. Não era o modelo de negócio dele. Por isso, Silvio nunca investiu muito dinheiro na televisão.

Silvio não se notabilizou por novelas, minisséries, esporte, e muito menos por jornalismo. Dizem que Silvio tem pavor de jornalismo. Ou seja, Silvio gostava de programas baratos, de auditório, como os dele, da Hebe e do Gugu. Programas de custo reduzido, controlável e com muita mão-de-obra avulsa. Isso não dava uma rede de televisão que pudesse enfrentar a hegemonia da Globo.

No governo Figueiredo, quando a Tupi quebrou, Roberto Marinho foi tão esperto que conseguiu escolher até os concorrentes. E o governo Figueiredo dividiu a Tupi em duas: uma, a Manchete, quebrou. A outra, o SBT, vai ter que trocar de mãos.

Roberto Marinho pretendia interromper o movimento da Terra em torno do Sol. Manter o regime militar e o Silvio no segundo lugar. Aí, apareceu a Record, que quer ser a primeira. Aí, apareceu o Lula, que reduziu de 90% no Governo FHC para 50% a participação da Globo na publicidade oficial. Aí, veio a Dilma, que, se não fizer a Ley de Medios, a Globo derruba ela.

Agora, o Silvio sofreu esse baque irremediável. Como diria o Cala Boca Galvão, quando a Holanda empatou: a situação já esteve melhor para a Globo.

Silvio leva a Folha para o banco da Praça É Nossa

Silvio fez uma gozação com a Folha que se tornou manchete da primeira página: “Quem pagar leva o SBT”. É o que o Silvio diz há quatrocentos anos. Disse à Televisa, à Disney, ao Boni. E a Folha acha que é sério o Silvio dizer que vende, hoje, o SBT pela dívida? R$ 2,5 bi? Só a Folha leva isso a sério. Ou não sabe o que são R$ 2,5 bi.

Na verdade, a entrevista do Silvio parecia com as entrevistas do programa da Hebe: ri-se muito e nada é sério. É como se o Silvio tivesse levado o Otavinho para o banco da Praça É Nossa. O Silvio tirou um sarro da Folha. Quem é o Lula? O Eike? “Bota uma foto minha bem bonita no jornal.” E a Folha levou a sério.

O mais interessante a Folha não quis saber. Silvio Santos deu toda a sua fortuna pessoal como garantia do empréstimo. Nunca um empresário do setor financeiro tinha feito isso, antes. Ou seja, o Silvio, de maluco, só na Folha. A única coisa séria que a Folha publicou hoje foi o Simão:

“Seu Silvio lança Teletombo”.

“O Silvio vai dar de garantia o Jaça, a menina Maisa e o Bozo.”

“E se ele não pagar, o governo fica com o Celso Portiolli.”
 

O Simão adora o Silvio, ao contrário da Folha. O Simão gosta, principalmente, “quando ele combina a cor do cinto com a cor do cabelo.” “E diz que ele maquiava o balanço do banco com produtos Jequiti. Só podia dar nisso.”

Este é o verdadeiro Silvio? Não. É a verdadeira Folha. Que não tem o menor senso de humor.