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Dilma dispensa Meirelles e anuncia Tombini para a chefia do BC

Sem ter falado com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, Dilma Rousseff escolheu ontem para o comando da instituição o economista Alexandre Tombini, hoje diretor de Normas e Sistema Financeiro. Além disso, a presidente eleita decidiu nomear Miriam Belchior, coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como ministra do Planejamento.

Dilma anunciará hoje os três primeiros nomes da equipe econômica: além de Tombini e Miriam, que substituirá Paulo Bernardo, ela confirmará oficialmente a permanência do ministro Guido Mantega na Fazenda. A presidente eleita decidiu fazer o anúncio agora porque vai viajar e não quer criar incertezas no mercado financeiro. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma participará amanhã, em Georgetown (Guiana), da cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

A escolha de Tombini foi dada como certa no início da tarde de ontem, após longa reunião de Dilma com Mantega, na Granja do Torto. Em conversas reservadas, Meirelles já havia dito que não aceitaria permanecer no cargo se o Banco Central perdesse a autonomia que teve ao longo dos dois mandatos de Lula. Foi, na verdade, uma jogada marqueteira de Meirelles que, ciente de que não permaneceria no cargo, pretendeu deixar a impressão de que sairia porque suas condições não foram acatadas e não porque seu perfil é indesejado pelo futuro governo.

Tripé neoliberal

Nesta quarta-feira (24), Meirelles voltou a ensaiar um discurso de "decisão pessoal" para justificar sua saída do cargo no final do ano. "Foi uma definição pessoal. Posso dizer que estou feliz e realizado, tenho recebido manifestações de apoio. Considerando o momento econômico que o Brasil está, é o adequado para encerrar a minha missão", afirmou.

O presidente do BC também justificou a saída da presidência da instituição. "É uma regra de boa prática de governança dos banco centrais que um presidente dessas instituições não fique mais do que dois mandatos na presidência, o que, no Brasil, coincide com o mandato de presidente da República", declarou.

Meirelles ainda buscou colar os êxitos econômicos do governo à sua trajetória à frente do BC e ressaltou o bom momento vivido pelo Brasil. "Foi um governo de sucesso, que mudou a face do Brasil. O risco de inflação caiu, o País enfrentou crises econômicas com sucesso e é respeitado mundialmente", declarou.

Mas, os críticos da atual política econômica lembram que, se dependesse de Meirelles, o Brasil estaria patinando, com crescimento reduzido, pois a política de juros altos e pró-mercado apoiada pelo presidente do Banco Central sempre foi na contramão da política de desenvolvimento."Nos últimos oito anos, o BC manteve o tripé neoliberal da política macroeconômica – com juros elevados, superávit primário e libertinagem cambial", critica o jornalista Altamiro Borges (Miro).

Ele também ciritica a autonomia reivindicada por Meirelles para o Banco Central. "Essa autonomia já beira a irresponsabilidade. Em plena crise capitalista mundial, contrariando o próprio presidente, o BC elevou os juros, arrochando o crédito. Diante da atual guerra comercial, deflagrada pelos EUA, ele mantém os câmbio flutuante, o que penaliza a produção interna e gera déficits comerciais. Meirelles, que não nega seu passado de banqueiro, de ex-presidente do Bank of Boston, insiste na tese da autonomia operacional do BC, quando na maior parte das economias do mundo o movimento é exatamente o contrário – disciplinando o tal mercado", escreve Miro em seu blog. http://altamiroborges.blogspot.com/2010/11/meirelles-ainda-quer-mais-autonomia.html

Da redação,
com agências