Lula inaugurou obras e espantou-se com vaias a Amazonino

Na última sexta-feira (26), o presidente Lula esteve em Manaus em clima de despedida como chefe-maior da nossa república. Na ocasião, participou das cerimônias que marcou a mudança energética do estado para o gás natural e, também, da inauguração do Conjunto Cidadão XII. Apesar de toda carga simbólica, as vaias ao prefeito de Manaus Amazonino Mendes no último evento foi o que mais chamou atenção no dia.

O presidente chegou no bairro Santa Etelvina, onde o conjunto habitacional de casas populares está situado, acompanhado pelo governador Omar Aziz (PMN), pelos senadores eleitos Vanessa Grazziotin (PCdoB) e Eduardo Braga (PMDB) e pelo prefeito Amazonino Mendes. Na ocasião, Lula destacou a importância do projeto “Minha Casa, Minha Vida” e a duplicação da meta de inaugurações de casas das atuais 1 milhão, em seu governo, para 2 milhões no governo Dilma.

Antes, no entanto, Amazonino enfrentou uma situação adversa. Segundo ele, “nunca passei por isso em toda minha vida pública”. O prefeito foi interrompido por vaias logo ao abrir as falas da noite. Após o pronunciamento de Omar, pediu para falar novamente e, ao segurar o microfone, foi recebido pelas 4 mil pessoas presentes vaiando e xingando-o efusivamente. Mesmo assim continuou e prometeu realizar pesquisa para que, caso se comprove sua alta rejeição, peça renúncia do seu mandato no dia seguinte. Lula, Braga, Vanessa e Omar ficaram estáticos. Sequer mexeram um músculo do rosto.

Amazonino aponta “responsáveis”

Num dos periódicos locais, o prefeito mirou em militantes do PCdoB e do PT e os atribuiu a culpa pelas vaias de todos populares presentes no evento.

A afirmação de Amazonino não leva em consideração que os petistas presentes estavam na área reservada aos secretários e demais autoridades presentes. Mesmo os militantes dos movimentos sindical e juvenil estavam nessa área. Do PCdoB, o secretário executivo da Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), Christian Barnnadd, também ocupava tal espaço. Assim como Isael Munduruku, membro do movimento indígena.

Apenas dois outros militantes do partido da foice do martelo, que levantaram a faixa de saudação ao presidente Lula, estavam entre os populares. As primeiras vaias foram desferidas do lado oposto onde estavam.

Cena corriqueira

Apesar do prefeito ter dito que nunca havia passado por situação semelhante, o seu mandato o desmente. Desde que voltou a assumir o comando do executivo municipal, ele já enfrentou a antipatia popular em diversos momentos. Um dos mais emblemáticos foi a festa de divulgação das sub-sedes da Copa do Mundo, ocasião em que havia ainda mais pessoas eufóricas, que também não deixaram passar a chance de mostrar descontentamento com seus trabalhos.

De Manaus,
Anderson Bahia