Goiana nomeada Ministra do TST será submetida à sabatina
Delaíde Arantes, nomeada para a magistratura no Tribunal Superior do Trabalho (TST) será avaliada nesta quarta-feira (15) por senadores e senadoras. Abaixo entrevista da dra. Delaíde ao repórter Paulo Victor Gomes em que ela fala sobre essa nova fase profissional.
Publicado 15/12/2010 15:41 | Editado 04/03/2020 16:43

Nascida no município de Pontalina, coincidentemente na data de 1º de maio (Dia do Trabalhador), Delaíde Alves Miranda Arantes, 58, é advogada trabalhista há exatos 30 anos. Casada com o ex-deputado Federal Aldo Arantes (PCdoB-GO), recebeu forte apoio dos movimentos sociais para sua indicação e agora depende da confirmação do Senado para ser nomeada Ministra. Nessa breve entrevista, concedida na tarde desta terça-feira (14) em seu apartamento, em Goiânia, a Dra. Delaíde fala sobre essa nova fase em sua vida profissional.
Paulo Victor Gomes – Na última semana, precisamente na quinta-feira (9), a senhora foi indicada pelo presidente Lula para ocupar uma vaga de Ministra no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Como a senhora recebeu essa indicação?
Recebi com muita alegria, muita honra e muita responsabilidade. Espero corresponder à confiança da sociedade goiana, das entidades que me apoiaram, autoridades, dos políticos aqui de Goiás, deputados estaduais, federais e os vereadores que me deram apoio, encabeçados pelo vereador Fábio Tokarski. Eu sinto uma responsabilidade muito grande e uma vontade de representar bem todos que me depositaram essa confiança, inclusive o presidente Lula ao fazer a escolha.
PVG – A senhora foi a primeira mulher presidente da Associação Goiana dos Advogados Trabalhistas (Agatra). No Poder Judiciário percebe-se uma deficiência muito grande na quantidade de mulheres ocupando espaços de poder. Por exemplo, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) são apenas 5 Ministras num total de 33; No Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é apenas uma Ministra entre sete; no Superior Tribunal Militar (STM) também apenas uma Ministra num total de 15. Caso a senhora seja nomeada, passará a ser a sexta mulher a ocupar uma das 27 cadeiras do TST. Será a maior proporção entre os Tribunais Superiores. Como a senhora vê esse fato?
Eu fico muito satisfeita de ter sido escolhida pelo presidente Lula nesse momento. Amanhã (15) vou ser submetida à sabatina do Senado, no sentido deles me arguirem, e, caso confirmem minha competência, serei nomeada Ministra do TST. Acho muito importante iniciar o exercício dessa função exatamente no ano em que vai tomar posse uma presidente mulher. Isso para nós é histórico. Você falou uma coisa muito correta. Realmente, são poucas as mulheres nos espaços de poder. Tanto é que existe uma campanha da Secretaria Nacional da Mulher chamada “Mais mulheres no poder. Eu assumo esse compromisso”. A proporção de mulheres nos espaços de poder é muito pequena, nós precisamos batalhar para aumentá-la. Essa foi uma das minhas bandeiras de campanha.
PVG – Se nomeada, a senhora ocupará uma vaga destinada à advocacia no TST, do chamado Quinto Constitucional. Depois de exercer 30 anos de profissão como advogada, como a senhora vai encarar o desafios de passar a exercer a magistratura?
Eu deixo a advocacia como profissão e vou passar a ser uma magistrada na vaga do Quinto Constitucional. Meu trabalho, desde o início de minha carreira, não é um trabalho no sentido de sobrevivência. Nesses 30 anos, sempre procurei exercer a advocacia voltada para o coletivo, para a construção de uma sociedade melhor, para a igualdade de direitos, a valorização do ser humano. Vou procurar, como magistrada, dar continuidade a esse trabalho. Quero estar sempre em contato com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com as entidades da sociedade civil, os movimentos sociais, sem perder a perspectiva que tive desde o início de minha carreira. Quero fazer um trabalho para o país, em benefício da sociedade.
PVG – Como será a atuação da Ministra Delaíde Arantes?
O juiz julga processos de trabalhadores, de empresas. Na perspectiva da lei, ele deve ser imparcial. Porém, na análise que é feita em cada causa que é submetida à apreciação, o juiz leva em conta toda a sua experiência, seus princípios, sua ética. Vou levar para as causas que julgarei junto ao colegiado ao qual vou pertencer minha experiência de 30 anos de profissão, meus princípios e minha ética.
Da redação local