Goiana nomeada Ministra do TST será submetida à sabatina

Delaíde Arantes, nomeada para a magistratura no Tribunal Superior do Trabalho (TST) será avaliada nesta quarta-feira (15) por senadores e senadoras. Abaixo entrevista da dra. Delaíde ao repórter Paulo Victor Gomes em que ela fala sobre essa nova fase profissional.


Nascida no município de Pontalina, coincidentemente na data de 1º de maio (Dia do Trabalhador), Delaíde Alves Miranda Arantes,  58, é advogada trabalhista há exatos 30 anos. Casada com o ex-deputado Federal Aldo Arantes (PCdoB-GO), recebeu forte apoio dos movimentos sociais para sua indicação e agora depende da confirmação do Senado para ser nomeada Ministra. Nessa breve entrevista, concedida na tarde desta terça-feira (14) em seu apartamento, em Goiânia, a Dra. Delaíde fala sobre essa nova fase em sua vida profissional.

Paulo Victor Gomes – Na última semana, precisamente na quinta-feira (9), a senhora foi indicada pelo presidente Lula para ocupar uma vaga de Ministra no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Como a senhora recebeu essa indicação?

Recebi com muita alegria, muita honra e muita responsabilidade. Espero corresponder à confiança da sociedade goiana, das entidades que me apoiaram, autoridades, dos políticos aqui de Goiás, deputados estaduais, federais e os vereadores que me deram apoio, encabeçados pelo vereador Fábio Tokarski. Eu sinto uma responsabilidade muito grande e uma vontade de representar bem todos que me depositaram essa confiança, inclusive o presidente Lula ao fazer a escolha.

PVG – A senhora foi a primeira mulher presidente da Associação Goiana dos Advogados Trabalhistas (Agatra). No Poder Judiciário percebe-se uma deficiência muito grande na quantidade de mulheres ocupando espaços de poder. Por exemplo, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) são apenas 5 Ministras num total de 33; No Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é apenas uma Ministra entre sete; no Superior Tribunal Militar (STM) também apenas uma Ministra num total de 15. Caso a senhora seja nomeada, passará a ser a sexta mulher a ocupar uma das 27 cadeiras do TST. Será a maior proporção entre os Tribunais Superiores. Como a senhora vê esse fato?

Eu fico muito satisfeita de ter sido escolhida pelo presidente Lula nesse momento. Amanhã (15) vou ser submetida à sabatina do Senado, no sentido deles me arguirem, e, caso confirmem minha competência, serei nomeada Ministra do TST. Acho muito importante iniciar o exercício dessa função exatamente no ano em que vai tomar posse uma presidente mulher. Isso para nós é histórico. Você falou uma coisa muito correta. Realmente, são poucas as mulheres nos espaços de poder. Tanto é que existe uma campanha da Secretaria Nacional da Mulher chamada “Mais mulheres no poder. Eu assumo esse compromisso”. A proporção de mulheres nos espaços de poder é muito pequena, nós precisamos batalhar para aumentá-la. Essa foi uma das minhas bandeiras de campanha.

PVG – Se nomeada, a senhora ocupará uma vaga destinada à advocacia no TST, do chamado Quinto Constitucional. Depois de exercer 30 anos de profissão como advogada, como a senhora vai encarar o desafios de passar a exercer a magistratura?

Eu deixo a advocacia como profissão e vou passar a ser uma magistrada na vaga do Quinto Constitucional. Meu trabalho, desde o início de minha carreira, não é um trabalho no sentido de sobrevivência. Nesses 30 anos, sempre procurei exercer a advocacia voltada para o coletivo, para a construção de uma sociedade melhor, para a igualdade de direitos, a valorização do ser humano. Vou procurar, como magistrada, dar continuidade a esse trabalho. Quero estar sempre em contato com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com as entidades da sociedade civil, os movimentos sociais, sem perder a perspectiva que tive desde o início de minha carreira. Quero fazer um trabalho para o país, em benefício da sociedade.

PVG – Como será a atuação da Ministra Delaíde Arantes?

O juiz julga processos de trabalhadores, de empresas. Na perspectiva da lei, ele deve ser imparcial. Porém, na análise que é feita em cada causa que é submetida à apreciação, o juiz leva em conta toda a sua experiência, seus princípios, sua ética. Vou levar para as causas que julgarei junto ao colegiado ao qual vou pertencer minha experiência de 30 anos de profissão, meus princípios e minha ética.

Da redação local