Sindicalista de Minas defende investimentos da FIAT em Pernambuco

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e região, Marcelino da Rocha, apresenta sua opinião sobre o anúncio recente de que a Fiat Automóveis destinará 30% dos R$ 10 bilhões que planeja investir no país de 2011 a 2014 à instalação de uma nova unidade no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco.

Fiat - Jornal O Tempo
Falso Dilema

O anúncio recente de que a Fiat Automóveis destinará 30% dos R$ 10 bilhões
que planeja investir no país de 2011 a 2014 à instalação de uma nova
unidade no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco,
desencadeou uma reação por parte de parlamentares tucanos e demistas em
Minas Gerais, que acusam o presidente Lula de ter influenciado a decisão
tomada pela montadora em prejuízo dos interesses do Estado que, em 1972,
abrigou sua primeira fábrica no país.

Além de bairrista, o posicionamento destes parlamentares traz embutido o
que podemos chamar de um falso dilema. Para o Sindicato dos Metalúrgicos
de Betim, da maneira como será levada à prática, a partilha anunciada pela
Fiat apenas reforça a importância dada à unidade instalada em Minas
Gerais. Afinal, os R$ 7 bilhões a serem investidos no Estado consolidam-na
como a maior do grupo em todo o mundo.

Afora isso, os R$ 3 bilhões que se destinarão à construção de uma nova
fábrica em Pernambuco, além de servirem de estímulo à descentralização de
riquezas em nosso país, ratificam um dos princípios que têm orientado o
governo Lula desde sua posse, em 2003: trabalhar por um Brasil menos
desigual, em que mais brasileiros tenham acesso ao emprego e a uma renda
mensal que lhes possibilite viver com dignidade. O que é importante
observar, neste caso, é se todo o investimento que será feito pelo governo
de Pernambuco para alojar a nova fábrica será retribuído à altura pela
montadora na forma de empregos e salários. Da mesma maneira que esperamos
que o investimento previsto para Minas Gerais se reverta também em favor
dos trabalhadores que fizeram da Fiat líder do mercado pelo oitavo ano
consecutivo e permita multiplicar o número de postos de trabalho na cadeia
de fornecedoras de autopeças instalada em seu entorno.

O brado dos parlamentares do PSDB/DEM nos leva ainda a perguntar qual tem
sido a preocupação destas bancadas para com as atuais condições de
trabalho dos metalúrgicos da Fiat, que, apesar de produzirem mais e com a
mesma qualidade, ainda recebem salários inferiores aos que são pagos em
outras regiões do país e são alvo de intensa rotatividade da mão-de-obra,
que os obriga a conviver com o permanente fantasma da demissão.

Por último, sem abandonar a posição contrária à guerra fiscal que opõe
atualmente Estados da Federação, consideramos no mínimo contraditório que
estes mesmos parlamentares ainda não tenham se colocado em favor de um
debate aprofundado sobre as alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias) cobradas atualmente em Minas Gerais, que já levou dezenas de
empresas a trocarem o Estado por outras regiões do país.

São temas como estes que gostaríamos de ver levados a debate pelos
parlamentares mineiros. Pelo bem de Minas Gerais e de seus trabalhadores.

Marcelino da Rocha
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim