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Ombudsman reconhece o mico da Folha em ação contra site

Na edição do último domingo (09) do jornal Folha de S.Paulo, a ombudsman da publicação, Suzana Singer, definiu como "um micaço" o processo movido pelo veículo contra os criadores do site Falha de S.Paulo, os irmãos Lino e Mário Ito Bocchini. O termo, segundo o texto de Suzana, foi emprestado do humorista Cláudio Manoel, do extinto "Casseta & Planeta Urgente", da Rede Globo, e que se tornou "perfeito para definir" o caso.

Em outubro de 2010, o juiz Núncio Teophilo Neto, da 29ª Vara Cível de São Paulo, concedeu ao grupo Folha da Manhã S/A, proprietária da Folha, uma liminar que determina a retirada do Falha de S.Paulo da web. A decisão também ordenava a suspensão do registro do domínio do portal, sob pena de pagamento de multa no valor de R$ 1 mil por dia.

O processo movido pela publicação paulista – que alega que a ação se refere ao uso de logotipo idêntico ao do veículo – gerou repercussão na mídia internacional e apoio do fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange, aos fundadores do Falha. Atualmente, a Folha é um dos jornais que repercutem as informações sigilosas publicadas pelo WikiLeaks.

A ombudsman da Folha defende que o cerceamento de um "blog caseiro, apelativo sem dúvida, mas inofensivo" não é saudável "a um veículo de comunicação progressista – e que se considera um 'jornal de futuro'". O caso, classificado como uma "batalha de Davi contra Golias" por Suzana, fez com que a Folha representasse o "papel do gigante malvado", e torna sua imagem "muito mais prejudicada do que se tivesse simplesmente ignorado as pedrinhas dos irmãos blogueiros".

Apesar da crítica, ela afirma: "É difícil encarar essa disputa como uma luta pela liberdade de expressão, como querem os autores do 'Falha'. Toda empresa tenta proteger sua marca e as vias judiciais são o meio para isso."

O site www.falhadespaulo.com.br, criado pelos irmãos Lino e Mário Bocchini, foi retirado do ar em outubro, por uma liminar a favor da Folha. O jornal alegava uso indevido da marca. O processo ainda corre na Justiça. Para contestar a ação, os blogueiros criaram a página www.desculpeanossafalha.com.br, com o processo na íntegra, além de vídeos e notícias sobre o caso.

Em entrevista ao Portal Imprensa, Lino Bocchini declarou que "apesar dos adjetivos pouco elogiosos que foram usados [no texto], a gente agradece muito à Suzana por ela ter furado o boicote que a Folha estava promovendo para não divulgar o caso". Para ele, ficará mais difícil para o jornal ignorar o tema em suas páginas. "O fato de a Suzana ter falado sobre isso na coluna dela, [significa que] o assunto está no jornal", disse.

O jornalista espera que o veículo continue publicando informações sobre o caso, e ressalta que não quer ser "o dono da verdade". "A gente gostaria que as pessoas entrassem no nosso site [www.desculpeanossafalha.com.br] e vissem o processo, que olhassem tudo […]. Acho legal as pessoas se informarem, conhecerem os dois lados e tirarem suas próprias conclusões", disse. "Não queremos impor nossa posição".

Com agências