Analistas apontam conluio para levar Duvalier à presidência
Os governos da França e dos EUA estão em conluio para pavimentar o caminho do ex-ditador haitiano, Jean Claude Duvalier, até a presidência do país, asseguram analistas da situação na nação caribenha.
Publicado 24/01/2011 10:55
O líder social haitiano Edmond Frederic disse que o retorno de Duvalier no Haiti, que ocorreu em 16 de janeiro, é o resultado de um compromisso para, através de uma farsa judicial, colocar terra sobre os crimes contra a humanidade cometidos durante os 15 anos que governou com absolutismo.
O que se quer, disse o agrônomo radicado em Porto Rico, é fazer viável uma candidatura de Duvalier para a presidência, depois de anos de crise de governabilidade causada pelas potências estrangeiras que têm impedido a democratização do Haiti.
O advogado trabalhista Alejandro Rivera Torres concordou que as potências imperialistas tenham abonado permanentemente a tragédia que assola o povo haitiano, que tem sido agravada pelo terremoto que destruiu há um ano Porto Príncipe.
"A chegada dos Duvalier, no Haiti, não pode ter tomado de surpresa a França ou os Estados Unidos, não apenas pela forma como foi recebido no aeroporto de Port-au-Prince, mas porque embarcou, sem qualquer problema, no avião que o trouxe de Paris", argumentou o jornalista Nelson del Castillo, secretário-geral da Federação Latino-Americana de Jornalistas (FELAP).
O líder do FELAP estabeleceu a forma com que se moveram os fios da diplomacia imperial para "legitimar" a presença de Duvalier na empobrecida nação. Ele ressaltou que, enquanto Duvalier pôde circular livremente em Port-au-Prince, o retorno do popular ex-presidente Jean Bertrand Aristide tem sido impedido, fazendo xom que ele não tenha oportunidade de deixar a África do Sul, onde está refugiado, pois falta-lhe um passaporte válido.
Frederic afirmou que nem a França nem os Estados Unidos têm interesse em ajudar o Haiti a superar o atraso econômico, político e social do qual padece.
Ele disse que Cuba é um dos poucos países no mundo que realmente está preocupado com ajudar o Haiti em sua tragédia. Ele citou o exemplo de que, na última década, Havana manteve auxílio sanitário e educacional para beneficiar os haitianos.
Enfatizou a formação de médicos e outros profissionais do Haiti em universidades cubanas, como a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM). Os analistas concordam que o governo de René Préval tem pouca chance de manobra nas presentes circunstâncias, porque as potências estrangeiras o mantêm algemado.
"É possível que nas próximas eleições tenhamos Duvalier como candidato e que ganhar a presidência, depois que ele se exonere dos crimes cometidos durante a ditadura", concluiu Del Castillo.
Com Prensa Latina