Haiti: Partido acusa plano dos EUA para barrar volta de Aristide
A Comissão Permanente de Mobilização da Família Lavalás, partido político do ex-presidente haitiano Jean Bertrand Aristide, denunciará nesta quarta o governo dos Estados Unidos, que, a seu juízo, manobra para impedir o regresso do ex-governante.
Publicado 26/01/2011 09:54
Os representantes desta instância organizaram uma vigília em frente aos escritórios da embaixada estadunidense para pedir a Washington que facilite o retorno de Aristide, de acordo com o diário online Haiti Livre.
Segundo o Família Lavalas, a Casa Branca deve interceder agora, da mesma maneira que fez quando se aliou com a França e o Canadá para incentivar o golpe de estado infligido contra Aristide em fevereiro de 2004. "É natural que os Estados Unidos se envolvam no seu retorno, pois eles são os principais responsáveis pelo seu afastamento como chefe de Estado", disse Felix Ansyto, porta-voz da Comissão.
Partidários do líder deposto vão aproveitar a oportunidade para recordar que a Constituição haitiana desconhece o exílio. Também irão criticar a postura da administração nacional, ao permitir o regresso pacífico a Porto Príncipe do ex-ditador Jean Claude Duvalier, após 25 anos de ausência.
Duvalier chegou a esta capital em 16 de janeiro, quando deveria ter sido realizado o segundo turno das eleições presidenciais no país empobrecido. Após seu retorno, foram apresentadas várias queixas contra ele por corrupção, desvio de fundos e crimes contra a humanidade durante o seu mandato, que durou de 1971 a 1986.
Falando à imprensa, o ex-ditador se limitou a afirmou que quer ajudar o Haiti e pediu desculpas àqueles que foram prejudicados durante seu governo, o qual foi amplamente criticado por entidades nacionais e estrangeiras.
O retorno de Aristide também divide opiniões no país. Seu último governo foi marcado por denúncias de corrupção e provocou revoltas populares.
Eleições
O candidato governista na eleição presidencial haitiana, Jude Celestin, aceitou nesta terça-feira retirar-se da disputa. A informação foi revelada por um senador do mesmo partido de Celestin, o Inité.
Inicialmente, o órgão eleitoral haitiano determinou que o candidato governista tinha sido o segundo mais votado no primeiro turno. Mas uma comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA), incumbida de avaliar graves acusações de fraude na votação, concluiu que Celestin acabou em terceiro e, portanto, ficaria fora do segundo turno. Em seu lugar, o cantor Michel Martelly disputaria a presidência com a ex-primeira-dama Mirlande Manigat.
Com Prensa Latina