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Após saída de ministros, Tunísia pede renúncia de premiê

A Tunísia amanheceu mais tranquila, nesta sexta (28), após o anúncio na noite anterior da formação de um novo governo de transição, do qual sairá a maioria dos ministros do regime anterior. Mas, como Mohamed Ghannouchi se mantém como primeiro-ministro, manifestantes procedentes das regiões mais pobres do país continuam a protestar na frente do seu escritório, pedindo a renúncia.

Mais de mil de pessoas, que estão há dias acampadas perante a sede do governo, manifestaram sua alegria após conhecer que a maioria dos ministros do presidente deposto Ben Ali deixariam seus postos, entre eles os de Interior, Exteriores, Defesa e Finanças.

Mas, ao mesmo tempo, asseguraram que não abandonarão seu protesto até que Ghannouchi, primeiro-ministro com Ben Ali durante os últimos 11 anos, saia do Executivo.

"Fora Ghannouchi, que era o chefe do bando", "governo limpo em honra a nossos mártires", gritavam esta manhã os manifestantes, procedentes das regiões mais empobrecidas como Sidi Buzid e Kaserin, onde começou a revolta social e onde a repressão dos protestos foi especialmente dura.

No centro de Túnis, no entanto, as manifestações que nos últimos dias não deixaram de acontecer e impediam recuperar certa normalidade não se repetiram esta manhã. A maioria das lojas e cafés abriram e a cidade recupera pela primeira vez em semanas seu ritmo habitual.

Em outras regiões do país como Sidi Buzid e Gafsa, uma aparente tranquilidade reinava também hoje, e os protestos de dias anteriores tinham acabado, disseram à agência EFE fontes sindicais e moradores dessas regiões.

Momento histórico

A Tunísia começou a viver um forte turbulência social desde meados de dezembro, quando jovens e estudantes iniciaram protestos contra os altos índices de desemprego nas ruas da capital Túnis. As manifestações logo tomaram vulto e assumiram uma conotação política, criticando a falta de liberdade política no país.

Em meio a pedidos de calma à população, o então presidente Ben Ali anunciou o fechamento de universidades e escolas, enquanto o Exército saía às ruas para frear as manifestações. Passaram a haver confrontos regulares, gerando um número ainda incerto de mortos, mas que já passou de 70, segundo dados do governo.

As medidas não foram suficientes, e Ben Ali se viu obrigado a deixar a Tunísia no dia 14 de janeiro, passando o controle do país para o Exército e o comando interino do governo para o primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi. Com a fuga, encerra-se um longo período de governo, iniciado em 1987 e durante o qual Ben Ali se reelegeu diversas vezes.

Sem a presença do ex-ditator, a Tunísia começa a caminhar na direção de um novo cenário político. Na segunda-feira, 16 de janeiro, o comando interino tunisiano convocou a formação de um governo de união nacional para funcionar durante o período transitório até as próximas eleições, convocadas para dentro de seis meses. Presos políticos também receberam anistia, e todos os partidos políticos serão legalizados.

Com Terra