José Martí: escritor e herói da independência
Em 28 de janeiro de 1853, nascia na cidade de Havana, Cuba, José Julián Martí y Pérez, num momento em que essa ilha era, junto com Porto Rico, a última colônia espanhola na América. Marcado por um profundo sentimento nacionalista e anticolonialista, o adolescente Martí já escrevia seus primeiros versos.
Por Eugênio Rezende de Carvalho*
Publicado 28/01/2011 16:24
Durante a guerra cubana contra a Espanha (1868-1878), em 1869, com apenas 16 anos, foi detido por sua propaganda independentista e condenado a seis anos de prisão, sendo deportado, em 1871, para a Espanha, onde viveu de 1871 à 1874. Enquanto ganhava a vida dando aulas, Martí estudou, ainda que irregularmente, o restante de seu colegial, Direito, Filosofia e Letras nas universidades de Madri e Saragoça. Em fins de 1874, conhece de passagem a França e viaja para o México. Entre 1875 e 1881, viveu no México, Guatemala e Venezuela – onde teve um contato profundo com as raízes autóctones americanas -, com ocasionais estadas na Espanha, para onde foi deportado novamente por conspiração (1879), em Nova York (1880) e mesmo em Cuba.
Uma vez fixado em Nova York, a partir de 1881, graças à sua colaboração em jornais de língua espanhola, cresce sua fama pela América espanhola: ao final dos anos oitenta, mais de vinte jornais do Continente (entre os quais, La Nación, de Buenos Aires, El Partido Liberal, do México, La Opinión Nacional, de Caracas, La Opinión Pública, de Montevidéu) divulgavam seus trabalhos. Embora seja mais conhecido pelas suas colaborações jornalísticas, publicou também uma vasta obra poética, além de inúmeras traduções. Desde 1887, foi cônsul do Uruguai em Nova York. Em 1888, foi nomeado representante da Associação de Imprensa de Buenos Aires, nos Estados Unidos e Canadá. Participou em 1889-1891 das duas Conferências Interamericanas de Washington – na última como representante do governo do Uruguai -, nas quais denunciou veementemente a política expansionista dos Estados Unidos sobre o continente americano. Em fins de 1890, Martí foi eleito cônsul em Nova York não só do Uruguai como também da Argentina e do Paraguai, além de presidente da Sociedade Literária Hispano-Americana.
Nos anos noventa, favorecido pelo amadurecimento das condições internas em Cuba, Martí se dedicou inteiramente à tarefa revolucionária, buscando aglutinar e organizar forças pela independência – quando então funda o Partido Revolucionário Cubano. Nesses anos, intensificam-se suas viagens e contatos visando à libertação de sua Cuba: Haiti, Jamaica, Flórida e a costa Atlântica dos Estados Unidos, São Domingos, Costa Rica e México.
Juntamente com os generais Máximo Gomez e Antonio Maceo – ex-participantes da Guerra de 1868-1878 – prepara a guerra de independência e desembarcam em Cuba em 1895. Já em plena guerra, no dia 19 de maio daquele ano, Martí foi surpreendido e caiu morto por uma coluna espanhola, aos 42 anos de idade. Em sua curta e agitada vida, Martí conseguiu produzir uma vasta obra, infelizmente pouco conhecida no Brasil, de marcado conteúdo americanista, que o transformou, indubitavelmente, numa das figuras mais proeminentes do pensamento latino-americano de fins do século 19.
*Escritor.pós- doutorado em História