Empresas dos EUA perdem mercado cubano para Venezuela
A modernização da internet em Cuba pode não trazer consequências diretas ao embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, mas afetou as empresas americanas interessadas no mercado cubano. A ilha tem o maior mercado de telecomunicações do Caribe, com 11,4 milhões de potenciais consumidores.
Publicado 30/01/2011 18:39
Em 2009, o presidente dos EUA, Barack Obama, flexibilizou o embargo e permitiu que empresas de telecomunicações americanas prestassem serviços aos cubanos. Segundo o vice-diretor de política externa do Brookings Institution, Ted Piccone, as empresas americanas reclamaram da falta de regras, afirmando que a abertura não foi clara e o governo não deu incentivos para a expansão dos negócios na ilha.
A instalação dos cabos submarinos de fibra óptica entre a Flórida e Cuba seria muito mais simples e barata pela proximidade com o território americano. O projeto da empresa americana TeleCuba Communications, com sede em Miami, orçado em US$ 18 milhões, foi atrasado pela recusa do Departamento do Tesouro americano em aceitar as exigências de Havana.
O governo venezuelano tirou vantagem da burocracia americana e garantiu um mercado até então inexplorado. O cabo submarino terá ainda conexão aberta para outros países do Caribe, como Jamaica, República Dominicana e Haiti.
Enquanto o presidente Hugo Chávez investirá US$ 70 milhões, Cuba contribuirá com trabalhos sociais, como faz com a troca de petróleo por serviços médicos e educacionais em território venezuelano.
A instalação do cabo de fibra óptica entre Venezuela e Cuba, para modernizar o acesso à internet na ilha, deve trazer benefícios aos cubanos. A substituição da conexão por satélite vai reduzir custos e ajudar a disseminar a informatização dos serviços e órgãos públicos, impulsionando inovações tecnológicas para a troca de informações.
A joint venture cubano-venezuelana para a instalação dos 1.600 quilômetros de cabos submarinos burla as sanções dos EUA, que proíbem a ilha de ter acesso a cabos de fibra óptica que fazem a comunicação com o mundo todo. Os trabalhos começaram este mês e devem ser concluídos na segunda quinzena de fevereiro. A internet rápida será habilitada no segundo semestre e ampliará a velocidade da conexão em 3 mil vezes – de 209 megabytes para 640 gigabytes.
O reflexo da mudança será sentido especialmente nos setores de pesquisa e educação, incentivados pelo governo.
Mas, por enquanto, a internet rápida será oferecida apenas em centros públicos. Segundo Havana, não há verba para levar conexão até as casas. A banda larga, porém pode abrir um precedente para incentivar a população a cobrar maior acesso à web, principalmente com as mudanças econômicas previstas para este ano na ilha com o incentivo estatal ao setor privado.
Com agências