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Alta do petróleo ameaça a frágil recuperação da economia mundial

A crise no Egito está despertando um outro fantasma que pode obstruir a pálida recuperação da economia internacional: a alta do petróleo. O preço do precioso combustível deverá continuar a subir nos mercados internacionais impulsionado tanto pelos conflitos no mundo árabe quanto pela desvalorização do dólar.

Nesta quinta (3), o barril de Brent chegou a ser cotado a US$ 100,12 no mercado à vista de Londres, ainda abaixo dos 100,37 dólares registados a 14 de janeiro. Mas para muitos observadores, mais cedo ou mais tarde o barril vai ultrapassar o valor máximo alcançado há duas semanas.

Canal de Suez

Isto já é sinalizado pelo mercado futuro, que negociou o barril de Brent hoje a US$ 101,29. O Egito, que hoje tem cerca de 80 milhões de pessoas (um quarto residindo no Cairo), não é um grande produtor de petróleo, mas pelo canal de Suez passam todo santo dia pelo menos um milhão de barris da commoditie, que fluem do Golfo para o Mediterrâneo. Se o canal for fechado, como já ocorreu antes, a distribuição entrará em colapso.

O preço do petróleo já subiu cinco ou seis por cento nas últimas três sessões, o que é um movimento significativo num horizonte temporal tão curto. Analistas acreditam que a tendência à alta permanece no horizonte dos mercados, não só devido aos conflitos no Egito e em outros países árabes como também devido á perspectiva de queda do dólar.

Crise do padrão dólar

A moeda estadunidense é a unidade de referência dos preços cobrados pelos produtores. Se o dólar desvaloriza, isto significa que serão necessários mais dólares para realizar compras. Com a demanda aquecida, os produtores elevam o preço do barril para compensar a depreciação do valor da moeda. A crise do padrão dólar, refletida na queda das cotações, é uma das principais causas da inflação mundial das commodities.

Além desses dois fatores, a própria recuperação das economias, sobretudo nos países dito emergentes, estimula a alta do combustível, já que eleva o nível de demanda. Em artigo no Financial Times, o economista Nouriel Roubini alertou: "Se o petróleo subir mais, essas economias [dos países dependentes da importação de petróleo] podem desacelerar fortemente e algumas podem até experimentar um duplo mergulho na recessão".

Da redação, Umberto Martins, com agências