Presidente do Haiti tem mandato estendido até maio
O mandato do presidente do Haiti René Préval deveria ter acabado nesta segunda (07), mas, como o segundo turno das eleições, que deveria ter ocorrido em janeiro, foi adiado, ele deve permanecer no cargo por mais três meses. A votação está marcada para 20 de março.
Publicado 08/02/2011 09:54
O chefe da equipe de Préval, Fritz Longchamp, confirmou que Préval deixará o cargo de presidente em 14 de maio. O prolongamento do mandato foi possível devido a uma lei aprovada depois do terremoto de 12 de janeiro de 2010 – que destruiu o país e matou mais de 220 mil pessoas.
Em 20 de março, o cantor popular Michel Martelly enfrentará a candidata Mirlande Manigat no segundo turno. A decisão das eleições foi adiada devido a acusações de fraude. A Comissão Eleitoral do Haiti acabou excluindo o candidato governista, Jude Celestin, por recomendação da Organização dos Estados Americanos (OEA) devido às suspeitas de irregularidades.
Os EUA e outros países sinalizaram que concordam que Préval fique mais alguns meses no poder, para evitar um vácuo na liderança do país. Mas dezenas de manifestantes reivindicaram nas ruas de Porto Príncipe a saída do presidente.
"Chegou o dia", gritavam os participantes da manifestação, convocada por partidos e grupos da oposição para pedir o fim do mandato de Préval. O protesto passou por várias ruas da capital, mas não conseguiu chegar à frente do palácio presidencial por ter sido dispersado pela polícia, que disparou gás lacrimogêneo e deteve pelo menos três pessoas.
Paralelamente, ex-presidentes do Haiti que estavam exilados fora do país sinalizam que querem participar do processo político. Em janeiro, o ex-presidente Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, retornou ao país. Na última segunda-feira (07) ele disse que sonha com “uma reconciliação nacional” unindo “todos os antigos chefes de Estado”.
“Prevejo essa possibilidade de todos os antigos chefes de Estado poderem formar um grande conselho com o objetivo de promover a reconciliação nacional e o desenvolvimento do Haiti”, disse o ex-presidente, que é acusado de corrupção e violação de direitos humanos, inclusive torturas e assassinatos.
Passaporte
Nesta segunda, a imprensa local também noticiou que o governo do Haiti concedeu um passaporte ao ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, exilado em 2004 após um golpe de Estado, o que facilitará seu retorno ao país.
Segundo as fontes, o passaporte foi entregue ao advogado de Aristide, o americano Ira Kurzban, que viajou no fim de semana a Porto Príncipe para agilizar o trâmite. De acordo com o semanário "Haiti en Marche", o advogado deixou a capital haitiana no sábado passado com o documento.
Kurzban levou todos os documentos necessários ao Ministério das Relações Exteriores e ao Ministério do Interior, onde, após analisar a documentação, foi autorizada a retirada do passaporte, acrescentou o semanário.
Em 31 de janeiro, o governo de René Préval disse estar disposto a facilitar a emissão do documento ao ex-presidente. Na ocasião, o Ministério do Interior assegurou em comunicado que executaria a emissão do passaporte com rapidez, assim que lhe fosse solicitada.
A porta-voz do ex-chefe de Estado Maryse Narcisse declarou nesta segunda-feira que os seguidores do ex-governante vão continuar a pressionar até conseguirem o retorno de Aristide. No entanto, não confirmou a entrega, apenas que "há uma companhia de advogados que se encarrega destas diligências formais", em relação ao gabinete do advogado americano Ira Kurzban.
Há semanas, os partidários de Aristide realizaram manifestações e concentrações diante de repartições públicas para exigir o passaporte diplomático. No marco destes movimentos, Maryse Narcisse, coordenadora nacional do Lavalas, partido favorável ao ex-presidente, disse que "os governos haitianos e sul-africanos devem entrar em contato para facilitar o rápido retorno".
No mês passado, Aristide manifestou seu desejo de retornar ao Haiti para "ajudar no campo da educação", além de alegar problemas de saúde.
Com agências