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Cresce expectativa entre manifestantes pela saída de Mubarak

Hosni Mubarak poderá renunciar ao cargo de presidente do Egito ainda nesta quinta-feira (10). Dirigentes militares e políticos do país e dos Estados Unidos deram a entender, esta tarde, que a saída é uma questão de horas. Na Praça Tahrir, centro dos protestos na cidade do Cairo, o ambiente é de expectativa e festa, segundo as agências noticiosas. "O Exército e o povo estão unidos", canta-se.

Em Washington, Leon Panetta, diretor da CIA, revelou em uma audição na Câmara dos Representantes que "há uma grande probabilidade" de Mubarak abandonar o poder esta noite.

Ao mesmo tempo, trabalhadores e estudantes anunciaram sua adesão aos protestos contra o regime, o que fez aumentar a mobilização na praça Tahrir e em outras regiões do Cairo e de todo o Egito.

Empregados do setor de transportes anunciaram que realizarão uma jornada de greve, na qual demandarão melhores condições salariais e de trabalho e pedidos de mudanças no país, concretamente a renúncia de Mubarak e reformas na constituição.

Enquanto os opositores que estão na praça Tahrir há 17 dias se preparam para espalhar suas reivindicações para outros lugares da capital, o exército reforçou sua presença em várias ruas do centro da cidade.

Além de ocuparem a região ao redor do parlamento, do conselho de ministros e da vice-presidência, depois de terem sido cercados por manifestantes, as autoridades pretendem configurar um dispositivo para conter a maré humana que deverá lotar as ruas, hoje e amanhã no Cairo.

Ativistas assinalaram que milhares de trabalhadores se mostraram dispostos a apoiar as manifestações depois de se declararem em greve em setores como o petrolífero, ferroviário, da indústria de telecomunicações, metalurgia, transportes, além da Autoridade do Canal de Suez.

Junto com as demandas de melhores compensações salariais e transparência na execução das políticas salariais, os trabalhadores multiplicarão a pressão sobre o governo para forçar a demissão de Mubarak e de outros integrantes do renovado executivo.

Da mesma forma, médicos e estudantes de medicina anunciaram que marcharão pelas ruas do Cairo e outras cidades como parte das mobilizações anti-governamentais iniciadas em 25 de janeiro, asseguraram à Prensa Latina coordenadores dos manifestantes na praça Tahrir.

Os bancos começaram a trabalhar nesta quinta em período completo, depois que foram reabertas, no domingo, 327 agências, que tiveram de suportar longas filas e limitações para a retirada de dinheiro.

Mesmo assim, a bolsa de valores do Cairo continua paralisada depois de quedas significativas, enquanto a atividade comercial e o tráfego de veículos segue retomando sua dinâmica habitual, a despeito do latente clima de tensão social.

O ministro de Educação Superior, Hani Helal, confirmou que o governo mandou atrasar em uma semana o reinício das aulas, após as férias de final de ano, que estavam previstas para serem encerradas no último domingo.

Segundo a explicação oficial, é necessário mais tempo para reparar escolas danificadas durante os protestos das duas últimas semanas e qualificar exames realizados antes das revoltas, mas não se acredita que a medida tenha sido tomada para desarticular o movimento de oposição.

Estudantes assinalaram que poderia ser um plano para evitar que mais alunos universitários, habitualmente contestadores, se organizem melhor e participem nos protestos que exigem a saíde de Mubarak do poder.

Lembraram, entretanto, que disposições oficiais como o toque de recolher — vigente das 20h às 6h, hora local — tampouco surtiram efeito para esvaziar os protestos.

Com informações da Prensa Latina