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Indústria desacelera depois da forte recuperação de 2010

A atividade industrial recuou em dezembro um pouco além da sazonalidade, num sinal de desaceleração do crescimento em 2011. A tendência à estagnação deve ser reforçada pela alta dos juros e o ajuste fiscal anunciado pelo governo, que pode se traduzir num corte de R$ 50 bilhões sobre o orçamento da União. Tendo em vista a fragilidade da economia mundial e os efeitos da chamada guerra cambial, alguns economistas temem o pior, ou seja, uma recessão.

Mas, se o horizonte deste ano está coberto de sombras, 2010 foi o melhor ano dos últimos tempos para a indústria, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (10) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os indicadores anuais “são os melhores da década”, segundo avaliação do economista da CNI, Flávio Castelo Branco.

Números recordes

As vendas reais fecharam o ano com expansão de 9,9%; a produção com alta de 7,1%; o emprego industrial com aumento de 5,4% e 18 meses de expansão consecutiva até novembro; a massa salarial teve alta de 5,9%, tudo em 12 meses. Todos os números são recordes, acima dos melhores patamares que haviam sido registrados em 2008.

É necessário ressalvar que o crescimento do ano passado ocorreu em relação a uma base bastante deprimida em função da crise, que provocou uma retração de 0,6% no PIB e afetou principalmente a indústria, que recuou 7,4% em 2009. Ocorreu, por consequência, uma recuperação.

“A indústria teve um comportamento muito positivo em 2010. Voltou a um ritmo semelhante ao que se observava em 2008, antes da crise, inclusive o uso da capacidade. O que chamamos a atenção é o reflexo para 2011, já que nos últimos meses houve uma inflexão na atividade, com indicativo de menor ritmo de expansão” neste ano, comentou o economista da CNI.

É que os principais indicadores mostraram queda em dezembro sobre novembro de 2010.

Restrições ao crescimento

A política monetária mais restritiva, o crédito mais curto e a política fiscal mais moderada podem viabilizar um ciclo de juros menos intenso, indicando que a atividade será mais fraca em 2011, disse ele. A CNI prevê variação real de 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria de transformação, em 2011.

Ainda sobre 2010, o uso da capacidade instalada manteve a trajetória de alta, fechando o ano em 82,8%, expansão de 2,5 pontos percentuais sobre 2009 (79,9%).

Com agências