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Eventual demissão de Pochmann seria uma péssima notícia

Por pressão dos partidos aliados, sobretudo do PMDB, a presidente Dilma Rousseff teve que acomodar em seu governo figuras da velha política que nunca tiveram qualquer compromisso com as bandeiras progressistas que levaram o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência por duas vezes e elegeram Dilma em outubro passado.

Marcio Pochmann

Nomes como o de Moreira Franco (PMDB), por exemplo, designado para ocupar a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) são uma verdadeira mancha no quadro ministerial. Ex-governador do Rio de Janeiro (pessimamente avaliado) e ex-assessor especial de Fernando Henrique Cardoso, com clara orientação direitista, Franco agora deu para perseguir quem não segue sua linha ideológica nos postos subordinados à sua pasta.

Uma provável vítima desta conduta pode ser o economista Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Pochmann assumiu o comando do Ipea em 2007 e fez uma administração brilhante. Deu novo protagonismo ao instituto, que ganhou relevância estratégica ao promover estudos e pesquisas importantes para a elaboração de políticas públicas.

Ao lado do economista João Sicsú, Pochmann também conseguiu colocar o Ipea em sintonia com o novo ciclo de desenvolvimento econômico e social do país, diminuindo a influência que economistas conservadores tinham sobre as linhas de pesquisa do instituto.

Justamente por isso, passou a ser atacado pelas "viúvas" do neoliberalismo como Miriam Leitão e outros representantes do atraso que, dia sim dia não, pediam a cabeça de Pochmann alegando que ele estava "contaminando" o Ipea com "práticas e teorias esquerdistas".

Agora Pochamnn está na mira de Moreira Franco. É o que diz matéria publicada nesta segunda-feira (14) pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo o jornalão paulista, porta-voz do conservadorismo econômico, Moreira Franco já está "conversando com assessores para definir os nomes da nova diretoria" do Ipea.

O ministro teria reclamado até da iniciativa do instituto de promover uma ampla pesquisa sobre o que a população brasileira acha do Sistema Único de Saúde (SUS). "Se eu quero saber o que a população está achando do SUS eu contrato o Ibope", desabafou Moreira Franco, em conversa recente, diz o Estadão.

A não ser que o ministro apareça publicamente para desmentir o conteúdo da matéria, há razões de sobra para crer que ela faz sentido. De uma forma ou de outra, a simples possibilidade de demissão de Marcio Pochmann por razões ideológicas seria mais uma péssima notícia para o início do governo Dilma.

Cláudio Gonzalez
da redação