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Eleições de 2012 já provocam rachas no PT em diversos estados

O jornal Valor publica em sua edição desta terça (22) reportagem sobre as divisões na bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados relacionadas com as eleições municipais do próximo ano. Com foco em São Paulo, o racha entre os petistas já aparece em outros Estados, como Pará e Rio Grande do Norte.

Segundo o jornal, quatro deputados se posicionam como pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo: o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia; o ex-presidente do PT e ex-ministro Ricardo Berzoini; e os ex-secretários municipais Jilmar Tatto e Carlos Zarattini.

Berzoini, Chinaglia e Tatto são líderes de um grupo que tenta, nesta legislatura, disputar os postos e as candidaturas com o grupo que, nos oito anos do governo Lula, impôs suas opções e agora tentava dominar novamente as decisões da bancada e do governo.

Na semana passada, Chinaglia, da corrente minoritária Movimento PT, conseguiu assegurar a relatoria-geral do Orçamento neste ano. Berzoini, de uma ala da Construindo Um Novo Brasil (CNB), garantiu a presidência da Comissão de Constituição e Justiça em 2012, após um embate com João Paulo Cunha (SP), que conseguiu o comando da comissão já para este ano. Berzoini e Chinaglia comandaram a resistência a João Paulo.

Como os dois, João Paulo tem pretensões eleitorais em 2012: quer ser prefeito de Osasco, na Grande São Paulo.

Tatto e Zarattini também têm interesse em concorrer em 2012. Tatto, da corrente PT de Luta e de Massas, tem se aliado no jogo interno da bancada a Chinaglia e Berzoini, tendo sido um dos principais articuladores da campanha que derrotou o líder do governo, Cândido Vaccarezza, na disputa interna que acabou levando Marco Maia (RS) à presidência da Câmara.

O que esse grupo da bancada da Câmara tenta é diminuir a imposição de nomes pela cúpula do PT, comandado pela CNB, seja na Câmara, no governo ou na sucessão paulistana. Querem que as decisões sejam fruto da "formação de consensos caso a caso", no lugar da mera transposição do poder decisório do grupo hegemônico no PT.

Sem maioria no diretório municipal de São Paulo, Chinaglia, Berzoini e Tatto têm tentado ocupar espaços e ter participação decisiva na escolha do nome que será o candidato do partido a prefeito de São Paulo em 2012.

No critério de maioria partidária, Zarattini é o que se sairia melhor. Sua corrente, a Novo Rumo – a mesma de Vaccarezza -, tem mais de 35% do diretório municipal e pleiteia a relatoria do Plano Plurianual (PPA). O grupo de Tatto tem 22% do diretório, ao passo que o de Berzoini tem 20%, e o de Chinaglia, 5%.

No caso de não conseguirem o consenso, avaliam repetir a união de forças que atuou para eleger o novo presidente da Câmara. O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira, da Mensagem ao Partido, possui 10% do diretório municipal. Juntando-se a Tatto, Chinaglia e Berzoini, como fizeram para derrotar Vaccarezza, alcançariam a maioria.
O processo todo só será deflagrado, porém, se o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, ou a vice-presidente do Senado, Marta Suplicy, não quiserem concorrer. Ou mesmo se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não determinar que seja o nome de sua preferência. Ele já fez chegar aos líderes petistas que defende a escolha de um nome "novo", como o do ministro Fernando Haddad (Educação).

Fora de São Paulo, o embate entre as correntes internas pela sucessão de 2012 também já foi iniciado. Cláudio Puty (PA), indicado para a Comissão de Finanças e Tributação, é ex-secretário de Governo do Pará durante o governo Ana Júlia, integra a Mensagem ao Partido e tem planos para disputar a Prefeitura de Belém em 2012. Precisa, porém, vencer a oposição interna do grupo do ex-deputado Paulo Rocha, da CNB.

No Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, do Movimento PT, deve ocupar a Comissão de Educação. Candidata derrotada a prefeita de Natal, tem dito não ter interesse em outra candidatura no próximo ano, mas seu nome está entre os mais cotados.

Essas escaramuças iniciais tendem a se acirrar com a entrada em cena de outras forças da base de sustentação do governo Dilma que têm pré-candidatos a diversas prefeituras, inclusive em São Paulo, onde o PCdoB, para citar um exemplo, cogita lançar a candidatura do vereador Netinho de Paula.

Com informações do jornal Valor