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Ursos panda: Um novo gesto nas relações China – Japão

Dois ursos panda dados de presente pela China ao Japão deram novo ânimo nesta segunda-feira (21) à esperança de uma melhora nas relações bilaterais, em meio ao enorme interesse que essa espécie em perigo de extinção desperta em Tóquio.

Por Luis Melian, na agência Prensa Latina

Ambos de cinco anos, Bi li, macho, e Xian Nu, fêmea, são procedentes da província chinesa de Sichuan, e se transformam em um novo símbolo de aproximação entre os dois povos, que se fará realidade quando o público começar a desfrutar da presença dos animais no parque zoológico Ueno, a partir de março.

A partir daí terão nomes japoneses, já que o governo local já recebeu mais de 40 mil sugestões de nomes, de acordo com informações provenientes de Tóquio.

Desembarcados no último domingo, os dois ursos gigantes serão os primeiros exemplares desse tipo no zoológico desde 2008, depois da morte do único panda que havia ali, chamado Ling Ling.

Bi Ii e Xian Nu permanecerão dez anos em território japonês, como parte de um empréstimo oferecido pelo presidente chinês, Hu Jintao, durante uma visita à ilha asiática, pouco depois da morte do panda do zoológico Ueno.

O acordo em questão foi assinado em julho passado, entre o governo metropolitano de Tóquio e a Associação para a Conservação da Natureza da China.

Os pandas estão vinculados ao desenvolvimento dos laços bilaterais desde a normalização das relações, em 1972. Naquele ano, a China doou um casal de pandas, Lan Lan e Kang Kang.

Nos 20 anos de comemoração da data, a China doou Ling Ling, um macho gigante, que desembarcou no Japão em 1992.

De acordo com um programa de cooperação para a reprodução desses animais, Pequim presenteia ursos pandas a outras nações com os fins citados.

Os pandas nascidos no exterior pertencem à China e devem ser entregados quando chegam à maturidade sexual, o que acontece ao redor dos quatro anos de idade.

As relações sino-japonesas se deterioraram seriamente em setembro passado por um incidente com uma embarcação pesqueira chinesa nas águas próximas às ilhas Diaoyu (Senkaku para Tóquio), no Mar da China Oriental, com a qual colidiram dois barcos de patrulha japoneses.

O barco foi interceptado e seu capitão foi detido por "obstruir funções públicas", enquanto a tripulação, também retida, regressou após permanecer vários dias no Japão.

As tensões aumentaram com o desenrolar do conflito, finalmente encerrado com a libertação do capitão detido, em meio a fortes protestos da China, inclusive a reiteração de que as ilhas mencionadas formam parte de seu território desde tempos imemoriais.

Como parte de sua resposta às ações de Tóquio, Pequim suspendeu os contatos de alto nível.

Esse incidente teve como capítulo mais recente uma demanda de compensação de US$ 170 mil, apresentada pela guarda costeira japonesa contra o capitão, pedido que a China considerou que o Japão não tem direito a fazer.

Em novembro passado o presidente Hu Jintao conversou com o premiê japonês, Naoto Kan, em um encontro paralelo à cupula do Foro de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, ocasião em que se pronunciaram pela melhoria dos laços entre as duas principais economias da Ásia.

Pouco antes da partida de Bi Ii e Xian Nu, o porta-voz da chancelaria chinesa, Ma Zhaoxu, expressou a esperança de que ambos sirvam como enviados da amizade entre os povos e fomentem a compreensão mútua.

O tempo dirá.

Fonte: Prensa Latina