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Alta de preço de commodities explica saldo comercial brasileiro

O real está sobrevalorizado, a julgar pela opinião dominante no mercado, e o déficit em conta corrente se agiganta. Mas a balança comercial brasileira permanece superavitária, apesar do saldo negativo nas trocas de manufaturados. Há uma explicação para este resultado: chama-se commodities.

O avanço de preços de commodities (matérias-primas) é responsável por quase metade do recorde das exportações brasileiras no primeiro bimestre do ano, que atingiram US$ 31,947 bilhões – patamar 26% superior aos US$ 23,5 bilhões vistos no mesmo período de 2010.

Básicos e industrializadas

Os produtos básicos, que renderam US$ 14,04 bilhões, elevaram a participação nas vendas externas para 44%, ante os 37,6% que representavam em janeiro e fevereiro do ano passado. Já os industrializados caíram de 59,7% para 53,8% da pauta exportadora, na mesma base de comparação.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) informou que o minério de ferro, por exemplo, teve o preço elevado em 136,2% em fevereiro de 2011 sobre o mesmo mês de 2010 (a variação do bimestre não foi informada). E a tendência é de alta, diante de negociações já divulgadas pela mineradora Vale relativa a preços do primeiro trimestre do ano.

Superávit avança

Petróleo (avanço de 21,1%), laminados planos (29,8%), café (50,2%) e soja (23,4%) são outras commodities com preços em alta nos 12 meses até fevereiro, sendo que os preços dos alimentos se mantêm em elevação no mercado internacional.

O resultado da balança comercial do país foi positivo em US$ 1,199 bilhão em fevereiro, acumulando saldo de US$ 1,622 bilhão no bimestre, mais de sete vezes maior do que o superávit de US$ 210 milhões registrado nos dois primeiros meses de 2010.

Importações desaceleram

Apesar de apresentar a nova secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, o secretário-executivo-adjunto do Mdic, Ricardo Schaefer, preferiu dominar as avaliações sobre o resultado da balança comercial.

Para ele, há três meses consecutivos existe uma tendência das exportações crescerem em ritmo maior do que o das importações. No bimestre, as vendas ao exterior subiram 26%, ante alta de 20,7% das importações, sobre período igual do ano anterior. Este movimento reverte a tendência que chegou a ser registrada no ano passado, de maior crescimento relativo das compras efetuadas no exterior.

Ele admite que o comportamento é puxado pela alta de preço das commodities. Mas diz que o governo “estaria mais preocupado” se as exportações dos produtos básicos aumentassem, e os industrializados parassem de crescer. No bimestre, o valor exportado dos básicos subiu 47,5%, enquanto o preço dos industrializados teve alta de 13,5%, segundo dados do Mdic sobre janeiro e fevereiro de 2010.

Com agências