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Eleição de Dilma é destacada nas comemorações do Dia da Mulher

A eleição da primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff, foi destacada como importante marco na luta das mulheres pela igualdade de gênero, na sessão solene realizada nesta terça-feira (1º), no Senado, para marcar o Dia Internacional da Mulher. A comemoração foi antecipada em virtude da data – 8 de Março – coincidir com o feriado do Carnaval. Liége Rocha, secretária de Mulher do PCdoB, foi uma das cinco homenageadas com o Diploma Bertha Lutz deste ano.

Eleição de Dilma é destacada nas comemorações do Dia da Mulher - Ag. Senado

As outras quatro premiadas com o Diploma, concedido às brasileiras que se destacaram na luta pelos direitos das mulheres, foram Chloris Casagrande, Maria José Silva, Ruth Barreto e Carmem Helena Foro. Também foi feita uma homenagem póstuma à Ana Maria Pacheco de Vasconcelos. Bertha Lutz, que dá nome ao prêmio, conseguiu a aprovação da lei que garantiu direito das mulheres de votarem e serem votadas.

Liége Rocha disse que “acreditamos que o Brasil precisa cada vez mais mudar e nesse momento que temos Dilma na Presidência, se faça o que foi prometido na campanha, que é exatamente avançar nas transformações e concretizar o projeto nacional de desenvolvimento, onde tenhamos mais democracia, mais soberania, mais inclusão social e onde as mulheres possam alçar mais espaço de poder”.

Ela disse ainda que a premiação é um reconhecimento ao trabalho desenvolvido por ela baseado sobre três pilares: sua família, especialmente as filhas e neta; as companheiras da UBM (União Brasileira de Mulheres) e o Partido Comunista do Brasil.

O presidente do Senado, José Sarney, afirmou em seu pronunciamento que a eleição de Dilma Rousseff mostra a maturidade que alcançou o país. O presidente da Câmara, Marco Maia, disse ter orgulho de ser governado por ela.

Os discursos – das parlamentares, convidadas e homenageadas – destacaram também as diversas frentes de luta das mulheres – o empoderamento, o combate à feminização da pobreza e o fim da violência contra as mulheres.

A solenidade marca a abertura oficial das atividades previstas para ocorrerem ao longo do mês de março. A programação prevê uma reunião com a presidenta Dilma Rousseff.

“Mãe em vigília”

A cearense Ruth Cavalcante, que falou em nome das homenageadas, destacou que “a nossa postura na sociedade é a da mãe em vigília contra toda prática de desumanização e desrespeito ao valor da vida”. E que as mulheres hoje enfrentam o desafio de “ocupar definitivamente os espaços de poder nos âmbitos público e privado, ampliando a capacidade de decisão política das mulheres”.

Ela ofereceu a homenagem “a todas as mulheres do nosso País e do mundo, especialmente a todas aquelas que permanecem excluídas, como as negras, as idosas, aquelas com deficiência, aqui representadas por minha filha Mariana, as índias”. E acrescentou uma “homenagem comovida às jovens mulheres do campo e das cidades que tombaram na resistência à ditadura militar”.

A mulher pode

A autora do requerimento da homenagem no Senado, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), disse que não se trata de uma data para presentear, mas para dar prosseguimento à luta por mais direitos e dignidade, acrescentando que não é o único dia do ano em que as mulheres querem reconhecimento e respeito.

Vanessa disse que a afirmação "a mulher pode", utilizada pela presidente Dilma Rousseff na campanha eleitoral, assinalou que ela expressa com "razão e sensibilidade o orgulho, a bravura e a indomável persistência das brasileiras em ser participativas e também titulares no comando do país".

A coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Janete Pietá (PT-SP), disse que “vamos celebrar este momento histórico que estamos vivendo, onde temos a honra de ter uma mulher ocupando o maior posto da República brasileira. Apesar desta conquista, queremos ressaltar a importância do empoderamento da mulher, não apenas na questão política, mas também econômica e culturalmente. A mulher precisa estar presente em qualquer situação da vida”.

Mundo melhor

O evento prosseguiu com vários pronunciamentos de parlamentares e autoridades, como as ministras Ana de Hollanda, da Cultura, e Luiz Helena de Bairros, da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

Também a jovem Thaís Rodrigues da Silva leu carta da amiga Carol Leite, que não pôde comparecer, falando das dificuldades de viver na rua, sofrendo preconceito e violência. E a estudante de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), Priscila de Souza Brito, falou sobre as expectativas das mulheres jovens no Brasil.

“O futuro que eu e minhas companheiras queremos é o de um país capaz de entender que somos cidadãs, que podemos decidir sobre o nosso corpo, que podemos lutar pelos nossos direitos e chegar, de forma digna, aos altos postos de comando”, disse, acrescentando que “eu falo em nome das mulheres jovens e de tantas outras que lutam por um mundo melhor.”

Origem da data

A estudante de Ciências Políticas também falou sobre a origem da data. Ela lembrou que “embora tenha se propagado a história do incêndio em uma fábrica dos Estados Unidos como origem do 8 de março, a história lembra que esta foi a data escolhida também pelas mulheres socialistas, em homenagem às diversas manifestações sufragistas ao redor do mundo".

Segundo ela, “não que a história do incêndio seja menos importante – como nem as greves contra as condições precárias de trabalho o foram –, mas talvez devamos lembrar que as motivações para a data partiram daquelas que acreditaram que a transformação do mundo passava pelo reconhecimento do direito político das mulheres”.

O Dia Internacional da Mulher foi instituído oficialmente em 1975, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A data escolhida – 8 de março – lembra a morte trágica num incêndio nos Estados Unidos, em 1857, de 129 operárias de uma fábrica têxtil, que reivindicavam melhores condições de trabalho.

De Brasília
Márcia Xavier