Jô pode “correr por fora” na campanha à PBH
Na coluna publicada no jornal Hoje em Dia, o jornalista Carlos Lindenberg analisa as conseqüências da decisão do ex-ministro e ex-prefeito Patrus Ananias (PT/MG) de não disputar a sucessão municipal de Belo Horizonte em 2012.
Publicado 15/03/2011 09:42 | Editado 04/03/2020 16:50

Fato que abriria caminho para o atual prefeito Márcio Lacerda (PSB) se lançar à reeleição, numa composição com tucanos ou petistas, e colocaria a deputada federal e pré-candidata à PBH, Jô Moraes (PCdoB/MG), como opção do leque que rejeita as alianças ora articuladas. Em especial, a que tem Lacerda como principal ponta de lança.
Desenho
Eis a íntegra da coluna de Carlos Lindenberg, que tem o título, “Patrus abre portas para o PT em BH”:
“A notícia de que o ex-ministro Patrus Ananias não será candidato à prefeitura em 2012 é mais uma pedra que se move no xadrez da sucessão municipal. Com efeito, ao tornar pública essa decisão, o ex-ministro e ex-prefeito da cidade abre caminho para a candidatura do vice-prefeito Roberto Carvalho, deixando o prefeito Marcio Lacerda mais à vontade ainda para se aliar ao PSDB. Mas como em política uma semana pode ter o tempo de um átimo e ao mesmo tempo de um século, ninguém pode garantir que Patrus não venha a ser o candidato do PT nem que Marcio se una de fato aos tucanos, embora a posição de Patrus seja coerente com seu perfil e a de Marcio consentânea com os seus últimos atos.
Por isso mesmo o vice-prefeito Roberto Carvalho ainda não deve comemorar aquilo que entre os petistas parece ser o mais provável, a candidatura do vice. É de lembrar que Patrus também dizia no ano passado que não seria candidato e acabou compondo a chapa como vice de Hélio Costa, enquanto Fernando Pimentel, que gostaria de ter sido o cabeça de chapa ao Palácio da Liberdade, teve de contentar-se em ser candidato ao Senado e os três acabaram derrotados. Pimentel hoje é ministro da presidente Dilma e tem poderes no PT local para dizer se o partido deve ou não lançar candidato próprio no ano que vem à prefeitura.
E por que isso? Porque todo o processo político do PT hoje, em Minas, está amarrado ao projeto político do ministro Fernando Pimentel. Se ele concluir que para seu projeto, que culmina com sua candidatura ao Palácio da Liberdade, em 2012, seria bom que o PT lançasse candidato, o partido lançará candidato.
Na ponta da agulha poderia estar o ex-ministro Patrus Ananias, mas como ele acaba de dizer que não será candidato, o mais provável é que o vice de Marcio Lacerda, Roberto Carvalho, venha a ser. Pelo menos é o que desenha toda a movimentação de Carvalho, na dependência de que Marcio Lacerda se alie aos tucanos e forme sua chapa, provavelmente com o deputado Rodrigo de Castro na vice.
Mas ninguém pode descartar a essa altura a possibilidade de o próprio Rodrigo vir a ser candidato. Basta para tanto que Marcio Lacerda se alie ao PT. Neste caso, Rodrigo seria a alternativa do PSDB para enfrentar seu antigo (e atual) parceiro. Pesariam em favor de Rodrigo a opção de Marcio pelo PT e o fato de o jovem deputado tucano ser a novidade numa eleição que seria marcado pelo "déjà vu", com a repetição da candidatura do atual prefeito e a nova investida do peemedebista Leonardo Quintão, que foi derrotado por Lacerda na última eleição, em 2008, além da deputada Jô Moraes (PCdoB), que também estaria de volta.
Nesse quadro, Marcio, que foi aliado do Palácio da Liberdade em 2008, e por isso tratado a pão de ló, seria agora o inimigo preferencial do governo e como tal não receberia mais que pão e água – olhe lá!
De qualquer maneira, não importa o desenho, Marcio Lacerda se coloca como o fiel da balança da eleição de 2012.
Todas as hipóteses, de certa forma, à exceção de Jô Moraes, passariam por ele. Pode ser que o PMDB também se sinta fora dessas articulações que têm o prefeito como principal personagem, o que não aconteceria com o PT e o PSDB, os dois partidos que, em tese, teriam maiores chances de vitória em 2012. A chance do PMDB ou mesmo de Jô Moraes estaria na disputa que esses dois partidos travariam, forçando, pela radicalização da campanha, a necessidade de um tertius. São hipóteses.
O que há mesmo é o anúncio de Patrus de que não será candidato e a certeza de que Marcio Lacerda vai à reeleição, a depender apenas da legenda que irá escolher. Se com o PT ou com o PMDB. Roberto Carvalho acha que será com o PSDB. Não se sabe se Pimentel também acha.”