Sem categoria

Kadafi denuncia “ofensiva bárbara”; Obama justifica a guerra

O líder líbio, Muamar Kadafi, pediu hoje que a Otan se abstenha de interferir nos assuntos internos de seu país, enquanto colunas de veículos de artilharia da oposição armada abandonavam a localidade de Bin Jawad diante da contra-ofensiva governamental.

A televisão estatal líbia noticiou sobre a carta enviada por Kadafi aos chanceleres da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e representantes da Liga Árabe, União Africana e ONU que se reúnem nesta terça-feira em Londres para discutir sobre este país.

O mandatário aconselhou a coalizão ocidental a "deixar a Líbia para os líbios" e deter a "ofensiva bárbara" que interfere em seus assuntos internos, e reiterou a denúncia de que se imiscuem no que muitos já não têm dúvidas em qualificar como guerra civil.

A reunião de Londres, na qual participarão representantes dos sete países árabes que participam da aliança internacional, se propõe discutir os cenários nesta nação do norte da África em um hipotético período pós-Kadafi.

Na carta dirigida ao "grupo de contato", o governante relacionou os bombardeios aéreos da Otan para impor uma zona de exclusão aérea sobre este país com as campanhas militares lançadas por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.

Por sua parte, o canal estatal Al Jamahiriya destacou a forte resistência das tropas governamentais aos bombardeios da coalizão internacional e a ofensiva dos rebeldes que trataram, até agora sem êxito, de tomar Sirte, cidade natal de Kadafi.

Os grupos armados de oposição ao governo tinham avançado mais de 300 quilômetros para o oeste em apenas 72 horas apoiados pelos ataques aéreos e marítimos da coalizão de países ocidentais que invocam como justificativa uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Enquanto o exército líbio reivindicou na segunda-feira (28) ter contido o avanço da oposição armada sobre Sirte e ter controlado Misratah, outras fontes indicaram que a coalizão bombardeou três barcos líbios no litoral dessa última cidade, além de uma montanha a oeste de Trípoli.

Uma das embarcações foi destruída por navios estadunidenses no mar Mediterrâneo com o pretexto de que estava disparando contra embarcações mercantes civis, o que foi desmentido por um porta-voz governamental.

Enquanto isso, fontes da oposição armada confirmaram ter fechado um acordo de negócios com a empresa estatal Qatar Petroleum para reexportar a mercados basicamente europeus 130 mil barris diários agora e mais do dobro no futuro, a fim de obter ingressos que serão depositados numa conta bloqueada.

A conta será parte da garantia de pagamento dos rebeldes – junto com o fundo soberano da Líbia em bancos estrangeiros- aos governos e organizações que agora aportam empréstimos em dinheiro para manter a insurgência.

Discurso belicista

Na véspera da realização da reunião de Londres,o presidente dos EUA, Barack Obama, defendeu nesta segunda-feira (28) a agressão militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra a Líbia, em um discurso na Universidade Nacional de Defesa.

Obama qualificou o ataque contra o país do Norte africano como uma necessidade moral e estratégica, e disse que desta vez não se repetirá um novo Iraque. "Mudar um regime no Iraque nos custou oito anos, milhares de vidas americanas e iraquianas e quase um trilhão de dólares. Não é algo que podemos nos dar ao luxo de repetir na Líbia", disse ele.

O chefe do imperialismo estadunidense tentou dar explicações e justificativas para o conflito desencadeado contra a Líbia, num momento em que os norte-americanos estão confusos e pouco interessados, de acordo com resultados das pesquisas referentes à primeira guerra lançada pelo Prêmio Nobel da Paz de 2009.

Para o presidente, a investida contra o território líbio tem salvado numerosas vidas; mas os relatórios oficiais asseguram que, desde 19 de março, quando começou a operação Odisseia do amanhecer, os "danos colaterais" causados são de quase uma centena de mortos e cerca de 200 feridos.

Especialistas estimam que a imposição de uma zona de exclusão aérea contra a Líbia e o apoio à oposição armada, sob o pretexto de proteger os civis, constitui um novo tipo de intervenção aberta, cujo precedente mais próximo está no Iraque.

O discurso de Obama ratifica aquilo que as organizações anti-imperialistas têm denunciado desde o início da ofensiva. O imperialismo estadunidense e seus aliados da Otan estão empenhados em mais uma guerra, mais uma agressão armada contra um país soberano, com finalidades de domínio estratégico e de controle sobre os recursos energéticos.

Da Redação, com informações da agência Prensa Latina