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Portugal convoca eleições antecipadas para 5 de junho

O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, anunciou nesta quinta-feira (31) que aceita a renúncia apresentada em 23 de março pelo primeiro-ministro José Sócrates, e convocou eleições antecipadas para o cargo, que serão realizadas em 5 de junho.

A decisão do chefe de Estado português foi tomada em função da crise política que aumentou a pressão dos mercados sobre a dívida soberana lusa, que deixarou o país à beira de um resgate financeiro.

Cavaco esclareceu que, após a dissolução da Assembleia Legislativa, o governo de Sócrates continua de forma interina e com poderes suficientes para tomar as decisões financeiras exigidas pelo país, em referência ao pedido de resgate.

O presidente português previu um cenário desfavorável para a situação econômica, política e social do país e pediu a todos os partidos que ajudem a conseguir, após as eleições, um ambiente político que permita superar os problemas nacionais, chamados de "extremamente graves".

As formações políticas já preparavam as campanhas eleitorais convencidas da inevitável antecipação das eleições, confirmada horas depois que o governo demissionário reconheceu um aumento de três bilhões de euros de perdas no setor público, que eleva o déficit do ano passado de 7,3% para 8,6%.

Cavaco explicou ter convocado eleições antecipadas em dois anos e meio em razão da opinião expressada por todos os partidos e com a recomendação unânime do Conselho de Estado, um organismo assessor do qual participam Sócrates e outras 18 personalidades políticas.

No último dia 25, em um encontro com Cavaco,o secretário-geral do Partido Comunista Português, Jerônimo de Sousa, defendeu a realização do pleito em 5 de junho. "O melhor instrumento é consultar os portugueses, dar a palavra ao povo através do recurso a eleições", disse, frisando que "o atual governo deve manter-se como governo de gestão, com um apelo muito forte para que se mantenha numa posição de neutralidade, isenção e imparcialidade, em relação a uma batalha eleitoral nos próximos tempos"

Para o PCP, trata-se de uma oportunidade para os trabalhadores e o povo romperem com a política de direita e construir um país mais justo e soberano.

Cavaco ressaltou que este pleito ocorrerá "em um momento crítico da vida nacional". Ele destacou o forte desequilíbrio das contas públicas, o endividamento externo, as elevadas necessidades de financiamento do Estado e os altos juros.

O presidente também criticou a situação social da nação, com mais de 600 mil desempregados, em um país de dez milhões de habitantes, o aumento da pobreza e a precariedade do trabalho, sobretudo entre os jovens.

Em uma clara censura a Sócrates, com o qual teve fortes enfrentamentos, Cavaco justificou a convocação de eleições perante a "degradação da situação política nacional" e a crescente dificuldade do governo minoritário de "estabelecer entendimentos" sobre as medidas necessárias para os problemas do país.

Sócrates apresentou a renúncia depois que o Parlamento rejeitou seu quarto plano de austeridade, com o voto de todos os partidos de oposição. Entre eles esteve o de Cavaco, o Social Democrata (PSD, de direita), atual favorito nas pesquisas e que, com sua abstenção, tinha permitido a aprovação dos três planos anteriores de austeridade.

Com agências