Jô defende exportações com valor agregado
No momento em que a presidente Dilma Rousseff está na China fechando acordos comerciais, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) da tribuna da Câmara conclamou seus pares, em especial os da bancada mineira, a uma reflexão sobre a necessidade de se mudar as características das exportações. Embora os resultados tenham sido bastante comemorados e representem recordes, a deputada considera fundamental que a eles se agreguem valor.
Publicado 14/04/2011 14:58 | Editado 04/03/2020 16:50
Excelência
“Hoje 90% das exportações de Minas Gerais para a China são de commodities. Ou seja, “matéria-prima que não levam em conta o desenvolvimento de tecnologias, que não levam em conta nossos meninos e meninas que precisam estudar; que têm potencial; nossos centros de excelências em pesquisa e desenvolvimento estratégico”, afirmou.
Em 2010 as exportações mineiras cresceram 60%, mais que o índice nacional que ficou em 32%. Minas exportou 31,17 bilhões de dólares, respondendo por 15,5% do total das exportações do País.
Aqui a íntegra do pronunciamento da deputada Jô Moraes:
“Senhor presidente, senhoras e senhores deputados,
Quero aproveitar a visita da presidente Dilma Rousseff à China e conclamar a todos para uma reflexão, muito especialmente os parlamentares da bancada mineira. É que no ano passado, as exportações de Minas Gerais cresceram 60% – um recorde, superou até mesmo o índice nacional, que ficou na casa dos 32%. Meu Estado exportou 31,17 bilhões de dólares, respondendo com 15,5% do total das exportações do Brasil.
Este resultado seria fantástico se estas exportações não se resumissem basicamente em matéria-prima, sem nenhum valor agregado, sem o desenvolvimento de tecnologias, sem levar em conta nossos meninos e meninas; nossos centros de excelências em pesquisa, em desenvolvimento estratégico.
Estamos exportando commodities como fazíamos há algumas centenas de anos. Nada menos do que 90% das exportações mineiras são de matéria prima. Estamos vendendo minério de ferro bruto para a China ainda em maior quantidade. Em âmbito nacional, o volume das exportações desta commodity apresentou elevação em 2010 da ordem de 27,2%. Vale lembrar que o preço do minério de ferro também cresceu 142%. Mas a verdade é que estamos exportando nosso chão, nossas riquezas sem agregar-lhes valor. Ao contrário, repassando para a China e outras nações compradoras esta capacidade de desenvolver, de crescer, de especializar seus adolescentes e jovens.
E para não dizer que não falei de flores… 2% das exportações de Minas para a China, foram de produtos com algum valor agregado, como máquinas, açúcar ou aço. Mas é muito pouco se considerarmos o potencial existente em nossas universidades, em nossos centros tecnológicos, laboratórios, institutos de pesquisas. Nos milhões de jovens com fome de saber, de uma oportunidade para colocar em prática seus potenciais para revolucionar Minas e o Brasil.
É essa Minas Gerais, é esse Brasil que precisamos escutar. Estamos acompanhando a viagem da presidente Dilma à China, onde se busca, numa articulação internacional, superar os atrasos em que vivemos.”