EUA foram obstáculo para "saída justa" em crise, diz Zelaya
O ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, disse nesta segunda-feira (25) que os Estados Unidos foram "o verdadeiro obstáculo" dos hondurenhos "para encontrar saídas justas" para a crise política gerada após o golpe de Estado que o derrubou em 2009.
Publicado 26/04/2011 11:02
"O verdadeiro obstáculo que tivemos para encontrar saídas justas durante todo este tempo foram as posições parciais do próprio departamento de Estado dos Estados Unidos", indicou Zelaya em carta enviada a seus compatriotas da República Dominicana, onde vive desde 27 de janeiro de 2010.
Segundo Zelaya, com suas "gestões internacionais", os EUA também favoreceram "a impunidade do golpe militar em Honduras".
"Isso foi manifestado constantemente pela secretária (de Estado, Hillary) Clinton, afirmando que 'em Honduras já se cumpriram todos os requisitos'" para que o país retorne à OEA (Organização dos Estados Americanos), da qual foi suspenso em 4 de julho de 2009, acrescentou o ex-presidente.
Zelaya também reiterou em sua carta que as eleições gerais de novembro de 2009, convocadas um mês antes de sua queda, "foram conduzidas pelos EUA ao lado da mesma ditadura que rompeu a ordem" constitucional.
O próprio ex-presidente de fato, Roberto Micheletti, a quem Zelaya qualifica como "terrorista" em sua carta, "goza de toda a impunidade, com a anuência americana", acrescenta o ex-governante, que perdeu sete meses de seu mandato de quatro anos quando foi deposto.
Zelaya lembrou que a maioria de países da América do Sul, a Nicarágua, a Espanha e a Secretaria-Geral da OEA prosseguem em seus esforços "para encontrar uma saída à crise hondurenha", porque "a situação de instabilidade criada em Honduras é uma ameaça real e vigente contra as democracias do continente".
Em sua carta, o presidente deposto exigiu para seu retorno a Honduras uma "convocação da Assembleia Nacional Constituinte, o imediato retorno dos exilados, respeito irrestrito aos direitos humanos e reconhecimento da FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular) como força política".
Segundo o presidente Porfírio Lobo, um dos obstáculos que existem para que Zelaya retorne ao país são os dois processos que enfrenta por supostos atos de corrupção, que depois do golpe de Estado foram abertos pelo Ministério Público.
Lobo pediu ao Poder Judiciário que anule os dois julgamentos de Zelaya, do mesmo modo que já foram suspensas duas ordens de captura contra o ex-governante.
A esse respeito, o presidente da Suprema Corte, Jorge Rivera, disse em algumas ocasiões que se a autoridade competente resolver anular os processos contra Zelaya, será "uma feliz coincidência" com os desejos de Lobo.
Fonte: EFE