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Cresce na Europa opinião contrária à livre circulação de pessoas

A Comissão Europeia considera que a carta conjunta da França e da Itália sobre imigração «vai na boa direção» e contribuirá para o debate que a União Europeia quer realizar com os Estados-membros sobre o tema nos próximos dois meses, disse nesta quarta-feira (27) um porta-voz.

Na terça-feira (26), o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciaram, após uma cúpula bilateral em Roma, que enviaram uma carta conjunta ao presidente da Comissão Eueopeia, José Manuel Durão Barroso, exigindo «modificações» no Tratado de Schengen que estabelece a livre circulação de pessoas, em face das «atuais circunstâncias excepcionais». No comunicado conjunto que  Berlusconi e Sarkozy enviaram a Durão Barroso, a França e a Itália exigem uma reforma do Acordo de Schengen e o reforço da Agência Europeia do Controle de Fronteiras como forma de combater a imigração ilegal.

Os dois líderes direitistas reuniram-se com o objetivo de amenizar as relações entre a França e a Itália, que ficaram tensas devido ao aumento da imigração proveniente do norte de África. Da reunião saiu o compromisso de pressionar os demais países da Europa para que as regras de circulação de pessoas sejam revistas.

Durante 2011 cerca de 25 mil emigrantes entraram na Europa através do sul da Itália. Grande parte deles dirigiram-se à França.

Da reunião entre Berlusconi e Sarkozy saiu também o compromisso de que a participará dos bombardeois da Otan contra a Líbia.

No mesmo rumo de restrições à livre circulação de pessoas, com viés racista, a França e a Alemanha já tinham informado em dezembro passado à Comissão Europeia sua decisão de impedir a entrada da Bulgária e da Romênia no Espaço Schengen, anunciou um porta-voz da comissão.

Questionado hoje sobre a posição da Comissão, o porta-voz Olivier Bailly lembrou que o executivo da União Europeia vai apresentar na próxima quarta-feira, 4 de Maio, uma comunicação sobre política de imigração, em termos mais globais, mas que «provavelmente» incluirá «pistas de reflexão» sobre a necessidade de clarificação das regras do Tratado de Schengen.

O porta-voz acrescentou que Durão Barroso irá «responder pessoalmente» a Berlusconi e Sarkozy ainda antes da apresentação dessa comunicação, que visa preparar um debate que a Comissão pretende desenvolver com os Estados-membros ao longo dos próximos dois meses.

Apontando que se realizarão a curto prazo duas reuniões de ministros da Justiça e Assuntos Internos «muito importantes», Bailly acrescentou que poderá ser alcançado um acordo sobre imigração na Cúpula de chefes de Estado e de governo agendada para 24 de Junho.
Itália e França viram aumentar o fluxo de imigração ilegal proveniente do norte de África na sequência das revoltas populares em países árabes.

O espaço Schengen integra 25 países, permitindo a cerca de 400 milhões de pessoas circular livremente da Finlândia à Grécia, de Portugal à Polônia, sem terem de mostrar o passaporte.
Apenas o Reino Unido e a Irlanda, países insulares, decidiram manter-se fora do espaço Schengen, que inclui em contrapartida três países não membros da União Europeia: Suíça, Noruega e Islândia.

Com agências