Continua a violação dos direitos humanos em nome da democracia
A operação militar contra a Líbia, com justa razão, preocupa os simples cidadãos, principalmente nos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), embora não os encontre na oposição, de acordo com pesquisas realizadas.
Por Petros Panayotídis
Publicado 30/04/2011 01:35
Homens inocentes estão sendo esquartejados, feridos, verdadeiras farrapos humanos, perdem suas casas ou tomam o caminho do refúgio, a exemplo de como ocorreu também em invasões anteriores, na Sérvia, em 1999, e no Iraque, em 2003, para citar as duas mais gritantes tentativas de "Exportação da Democracia", casos específicos de violação do Direito Internacional pelos EUA e seus aliados, ex e neocolonialistas.
Infelizmente, continua predominando a percepção sofística sobre direito. Para Trassímaco (Platão "Politía" Á 336b), "o direito nada mais é do que o interesse do forte". Em Górgia (483d), lê-se: "Assim, direito considera-se o mais poderoso dominar sobre o mais fraco e lucrar mais".
Assim é que a operação militar contra a Líbia atende, primeiramente, aos interesses pessoais, nacionais, econômicos e geopolíticos de seus inspiradores. Mas, quando não estiverem em risco interesses vitais, os "protetores" ensurdecem aos apelos dos injustiçados e ignoram as votações da Organização das Nações Unidas (ONU).
Enquanto, fazem os direitos humanos sua bandeira, bombardeiam impiedosamente a Líbia, e continuam ignorando o drama do povo palestino e de seu país cortado no meio. Consequentemente, o direito atrela-se literalmente com o próprio interesse e não com o interesse do povo cujos direitos e liberdades são solapados inapelavelmente.
É a economia, …
Regimes tirânicos podem dar motivo para intervenções militares, após, aliás, insurgências que podem estar sendo fomentadas por aqueles que cobiçam a riqueza mineral de um país. Contudo, os motivos são sempre mais profundos e, em nossos dias, principalmente, econômicos.
O fato (se for fato e não propaganda) que os "contras" de regimes são dizimados nos conflitos, civis desarmados são mortos ou perseguidos não legaliza a intervenção militar da Otan. Os que guerreiam pelos seus ideais (se, efetivamente, lutam por estes) deverão estar dispostos, também, a sacrifícios.
Quaisquer manifestações, movimentações e outros protestos contra a invasão da Otan não trarão o resultado desejado, assim como não o trouxeram, também, em ocasiões anteriores. Isto, não significa, obviamente, que deverão parar. A única arma eficaz que os cidadãos simples dispõem é seu voto.
Cedo ou tarde chegará a hora da urna que faz políticos e até líderes tremerem. Por isso, aliás, buscam envolver as multidões e tentam, com insincero diálogo, contra-informação e mentiras, convencê-las da "honestidade" de seus propósitos. Assim, apresentam cada intervenção militar ilegal como necessária ao combate do mal, e eles como justiceiros divinos e salvadores dos oprimidos.
Corretamente previu o grande historiador Tucicides, "as guerras, as disputas e os atos de violência, de um modo geral, irão se repetindo, enquanto a natureza humana permanece a mesma (A"224).
Desde então até hoje a titânica (má), em antítese com a dionisíaca (boa) natureza do homem não alterou-se para melhor, apesar de qualquer evolução espiritual e progresso na organização social. A lógica e a moral tergiversam "tecnicamente" toda vez em que o direito e o interesse se enfrentam.
Fonte: Monitor Mercantil