Sem categoria

Sem unidade e sob fantasma do PSD, tucanos realizam convenção

Em grave crise desde o final das eleições presidenciais do ano passado, o PSDB de São Paulo se esforça para eleger, neste sábado (07), sua executiva estadual sem expor um novo racha na legenda. Em meio a uma disputa interna, os tucanos realizam sua convenção estadual na Assembleia Legislativa, na capital, a partir de 9h. O encontro é uma prévia da convenção nacional do partido, marcada para o final do mês.

Durante a convenção, 3.200 delegados elegem os 105 novos componentes do diretório estadual. Paralelamente, os 105 antigos integrantes do diretório escolhem os 18 membros da executiva –presidente, 1º, 2º e 3º vice-presidente, secretário-geral, secretário, tesoureiro, tesoureiro-adjunto, seis vogais e três suplentes, além de ratificarem a escolha de Orlando Morando para a liderança da bancada estadual na Assembleia.

Os últimos dias foram de muita negociação entre os deputados federais tucanos, aliados de José Serra, e a bancada estadual, ligada ao governador Geraldo Alckmin, para definir a composição da nova executiva, que terá a responsabilidade de conduzir o PSDB nas eleições municipais de 2012. As duas principais figuras do partido confirmaram presença na convenção, segundo a assessoria de imprensa do diretório estadual.

Durante um jantar na segunda-feira (2), os dois grupos entraram em consenso em torno dos principais cargos: pelo acordo, a presidência ficará com o deputado estadual Pedro Tobias, apoiado por Alckmin, e a secretaria-geral seria ocupada pelo deputado federal Vaz de Lima, líder da Assembleia Legislativa na gestão Serra.

O problema é que, a poucas horas da convenção, o atual secretário-geral, César Gontijo, não abriu mão da campanha pela reeleição, mesmo após pedido do próprio governador, o que pode impedir que a sigla saia da convenção com mais unidade. A secretaria-geral tem como tarefas comandar na prática o dia-a-dia do partido e construir e elaborar a estratégia eleitoral para 2012.

O impasse faz com que muitas lideranças temam que a crise deflagrada na eleição do diretório municipal da capital paulista se repita. A escolha da secretaria-geral também causou divergência nas eleições para a executiva municipal da legenda, no mês passado.

Na ocasião, a falta de consenso causou a saída de seis vereadores – que devem ingressar no PSD de Gilberto Kassab – e do secretário municipal de Esportes e Lazer, Walter Feldmann. Os vereadores, que chegaram a pleitear a presidência, reivindicaram a secretaria-geral do diretório, mas não foram atendidos pelo grupo de Geraldo Alckmin. 

“Em nove das dez eleições da convenção estadual, o critério foi eleger para secretário-geral algum militante que tenha base e disponibilidade para exercer o cargo. E a tradição é que o secretário-geral seja reeleito. Portanto, eu pleiteio o direito legítimo de seguir a regra”, afirmou Gontijo.

O candidato à reeleição confirmou que Alckmin o procurou para tentar demovê-lo da ideia de disputar o cargo. “O governador me ligou e ponderou se poderíamos chegar a um acordo. Eu até cederia se isso fosse feito há três meses. Mas como agora vou abrir mão de uma candidatura que tem o apoio por escrito de mais de 55 dos 105 delegados?”

A despeito de sua decisão, Gontijo não crê que sua possível eleição provoque uma debandada de parlamentares tucanos, a exemplo do que ocorreu na convenção municipal. “Existia no diretório municipal uma animosidade por conta do apoio dos vereadores ao Kassab [nas eleições municipais de 2008]. Agora estamos lidando com pessoas diferentes. O Vaz de Lima é meu amigo e inclusive foi meu padrinho de casamento”, diz.

O líder da bancada federal tucana, deputado Luiz Fernando Machado, afirmou que “não trabalha com a hipótese de não fechar acordo”, ou seja, de convencer Gontijo a retirar sua candidatura, mas disse que a seu grupo “não interessa qualquer tipo de disputa". 

Machado também não crê em mais uma debandada de tucanos insatisfeitos. “Não percebo esse tipo de espírito no partido. Caso não haja acordo, é natural que a gente avalie as razões do insucesso, mas vamos construir um caminho para que não haja constrangimento e saídas do partido”, afirmou.

Inicialmente, o grupo de Serra e dos deputados federais pleiteava cinco cargos na executiva do partido, assim como foi concedido aos vereadores para acabar com a crise no diretório municipal. Em prol do acordo, contudo, o grupo cedeu, mas pede agora dois cargos, além da secretaria-geral.

De acordo com Machado, ficou acordado que o deputado federal Vanderlei Macris assume a 1ª vice-presidência e outro indicado pelo grupo fica com algum vogal – cargo que dá direito a voto dentro da executiva.

Com UOL