Péssima qualidade do transporte na RMBH é tema de audiência

Mais de 300 pessoas participaram da audiência pública requerida pelo deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), vice presidente da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia, e realizada na terça-feira, dia 10, em Belo Horizonte e que teve como pano de fundo, a péssima qualidade do transporte coletivo de passageiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

celin do sintroccell - wilian dias

Com quase 30% das 2.800 reclamações recebidas pelo DER_MG nos quatro primeiros meses deste ano, a empresa Transimão Transportes foi o objeto do debate entre deputados, usuários, trabalhadores, órgãos de trânsito e empresa.

O diretor de fiscalização do DER, órgão que controla o transporte intermunicipal na RMBH, João Afonso Baeta informou que a Transimão teve 395 reclamações por descumprimento do quadro de horários, 227 sobre operadores e 162 sobre condições dos veículos, somando mais de 780 queixas.

Embora tenha se comprometido a fortalecer a fiscalização do sistema de transporte na RMBH, o diretor do DER afirmou que a Transimão opera uma das piores linhas da Região Metropolitana (- bairros periféricos de Contagem, Santa Luzia, Ribeirão das Neves e Sabará -) e, por isso, sofre o desgaste natural dos veículos que, segundo ele estão dentro das exigências de idade para operação nas linhas, que é de 15 anos.

Ele acrescentou ainda que, em função dos constantes engarrafamentos nas vias urbanas, todas as empresas de transporte coletivo têm dificuldades para cumprir o quadro de horários. João Baeta, diante da pressão dos usuários, convocou a Transimão para comparecer ao órgão na próxima segunda-feira, dia 16, para explicar as denúncias.

O Gerente Operacional da Transimão, Custódio Leonardo Bastos, representando a empresa, apenas comentou as péssimas condições das vias por onde rodam os ônibus, confirmando o sofrimento da população que vive nos bairros periféricos da Região Metropolitana.
Gota d'água

O volante sair na mão de um motorista foi a gota d'água para os usuários que há 20 anos reclamam do serviço oferecido pela Transimão. O presidente da Associação dos Moradores do bairro Floresça, de Ribeirão das Neves, denunciou ainda que ônibus rodam sem bancos, com vazamento de combustível, sem farol e até mesmo remendado com esparadrapo. Juntamente com a presidente da Associação dos Moradores do bairro Morada do Vale das Acácias, Helena da Paixão, eles entregaram um dossiê com as denúncias ao presidente da audiência pública, deputado Celinho do Sinttrocel.

Já a Associação e o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de BH e Região denunciaram as péssimas condições de trabalho dos empregados da empresa que não cumpre Acordo de Trabalho, não paga horas extras, obrigando funcionários a trabalhar entre 12 e 14 horas.
Os representantes dos trabalhadores questionaram ainda a exigência de 15 anos para os veículos rodarem, sendo que, em Belo Horizonte, essa exigência é de 10 anos para os ônibus do transporte coletivo. Segundo o diretor da Associação dos trabalhadores, Jáderis Araújo as péssimas condições de trabalho têm reflexo direto na qualidade do serviço prestado. “Motoristas e trocadores não têm culpa se a empresa coloca veículos caindo aos pedaços para rodar. Isto inclusive, é um atentado contra os próprios trabalhadores” disse.

O deputado Celinho do Sinttrocel afirmou que serão encaminhados vários requerimentos para aprofundar a investigação sobre os serviços prestados, bem como sugestões para a solução dos problemas apontados pela população. “Queremos criar uma comissão de parlamentares para acompanhar o desdobramento dos compromissos assumidos pelos presentes e a solução dos problemas, pois a população não pode esperar mais 20 anos para ter um serviço de qualidade que é seu direito” ”, afirmou o deputado.

De Belo Horizonte,
Maria Cristina de Souza