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Lula pede a petistas união em defesa de Palocci

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva empenhou seu prestígio e autoridade política para evitar a deflagração de uma crise política após as denúncias de enriquecimento ilícito e tráfico de influência que atingem o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.

Segundo denúncias do jornal Folha de S. Paulo, o ministro petista comprou um apartamento e um escritório no valor de mais de R$ 7 milhões pagos em apenas duas parcelas. A Folha apontou também que Palocci teve uma meteórica evolução patrimonial, de 20 vezes em quatro anos, impossível de obter apenas com o salário de deputado, cargo que exerceu na legislatura passada (2007-2010).

Em reunião com senadores do PT nesta terça-feira (24), em Brasília, o ex-presidente Lula pediu aos parlamentares que se unam em defesa do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. A reunião com a bancada petista no Senado foi realizada na residência da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Os parlamentares negaram que este tenha sido o principal tema do encontro.

De acordo com o senador Paulo Paim (PT-RS), a reunião serviu para tratar de reforma política. "A única coisa que senti na reunião é que não há prova concreta contra Palocci no momento e que quem está acusando tem que provar. Esse tema foi comentado nesse sentido: o fato está aí e nós vamos acompanhar o desenrolar com muita convicção de que, até o momento, não tem nada que comprove qualquer tipo de denúncia contra o Palocci de forma concreta. O (ex-presidente) Lula vai conversar e está conversando com as bancadas, mas está falando sobre a importância da reforma política", afirmou.

Para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Palocci não cometeu "atos ilícitos" durante os quatro anos em que foi deputado federal, entre 2007 e 2010. "O pedido do (ex-presidente) Lula foi para que estejamos unidos em defesa de Palocci que é uma pessoa importante na administração da presidente Dilma Rousseff e que certamente saberá explicar todo e qualquer procedimento que aconteceu com esses episódios", disse Suplicy. "O importante é defendermos um companheiro que, acreditamos, age com seriedade e que tem dado uma contribuição muito significativa para o Brasil e para o PT e temos razões para confiar no prosseguimento dele, acho importante que haja unidade da bancada."

Convocação na Câmara

A oposição se viu frustrada em mais uma tentativa de votar o requerimento para a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Por falta de quórum, a reunião na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados foi cancelada meia hora depois do horário de início, quando apenas deputados do DEM e do PSDB haviam registrado presença. Para abrir a sessão, são necessárias as assinaturas de, no mínimo, dez integrantes.

"Estão blindando Palocci. A sociedade, mais uma vez, ficou sem a explicação sobre o homem mais falado nos dias de hoje", afirmou o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP). Durante meia hora de espera, entre o horário previsto para o início e o cancelamento da reunião, seis deputados oposicionistas registraram presença. Nem mesmo o presidente da comissão, Sérgio Brito (PSC-BA), registrou presença.

O líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), afirmou que o presidente da comissão se comprometeu em colocar em votação o requerimento pedindo a convocação de Palocci na reunião de amanhã, às 10 horas. "A comissão não vai funcionar mais, enquanto o requerimento não for votado", afirmou ACM Neto.

O DEM apresentou o requerimento de convocação de Palocci na semana passada, quando o governo, na mesma operação de impedir a presença do ministro nas comissões, conseguiu o cancelamento da reunião.

Carvalho: “Luta política”

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, acusou nesta terça-feira a Prefeitura de São Paulo de ter vazado dados de prestação de contas da empresa Projeto do ministro Antonio Palocci (Casa Civil). Segundo Carvalho, "alguém" da prefeitura repassou as informações da empresa com intuito de prejudicar o governo. O ministro disse que a avaliação do Planalto é que o caso Palocci é uma "luta política".

Carvalho reafirmou que o governo não considera que Palocci deva dar explicações ao Congresso sobre a sua evolução patrimonial. A oposição se mobiliza para criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para analisar o caso.

"Estamos enfrentando essa luta política. O governo não está fragilizado. Essa luta política é uma espuma que ocorre".

Carvalho negou que exista uma paralisia no governo pela crise envolvendo o principal ministro do governo Dilma Rousseff. Ele afirmou ainda que o governo não está fragilizado no Congresso.

Com agências